08/10/2024

Fármaco que visa proteínas tau traz nova esperança contra Alzheimer

Redação do Diário da Saúde
Fármaco que visa proteínas tau traz nova esperança de tratamento para Alzheimer
Cérebro de uma mosca-da-fruta: O verde delineia os neurônios, que estão começando a inchar e degenerar devido à proteína tau. O vermelho mostra onde a tau está se acumulando em aglomerados ao longo dos neurônios, começando a formar as fibrilas.
[Imagem: University of Southampton]

Proteínas tau

Uma equipe internacional de pesquisadores anunciou o que eles chamam de "um avanço promissor" no desenvolvimento de medicamentos para tratar a doença de Alzheimer.

Pela primeira vez, um medicamento funcionou nos dois principais "pontos críticos" promotores da agregação da proteína Tau, resolvendo uma lacuna crítica nos tratamentos atuais. Além disso, a inovação foge da costumeira "hipótese amiloide", que vem tentando há décadas criar tratamentos focados nas placas de outra proteína, a beta-amiloide - até hoje sem nenhum sucesso digno de nota.

O novo fármaco, um inibidor de peptídeo chamado RI-AG03, foi eficaz na prevenção do acúmulo das proteínas tau, que também parecem ser um fator-chave na neurodegeneração, em estudos de laboratório e com moscas-das-frutas.

As proteínas tau desempenham um papel crucial na manutenção da estrutura e na função dos neurônios. Mas na doença de Alzheimer, essas proteínas funcionam mal, aglomerando-se para formar fibrilas longas e retorcidas. À medida que as fibrilas se acumulam, elas criam o que são chamados de emaranhados neurofibrilares, massas de proteínas tau torcidas que obstruem os neurônios, impedindo-os de obter os nutrientes e sinais de que precisam para sobreviver.

À medida que mais neurônios morrem, a memória, o pensamento e o comportamento tornam-se cada vez mais prejudicados, levando ao declínio cognitivo visto no Alzheimer.

Fármaco que visa proteínas tau traz nova esperança de tratamento para Alzheimer
Antes (esquerda) e depois (direita) do tratamento com o novo fármaco - à direita desapareceram os aglomerados e a fibrila apontada à esquerda.
[Imagem: University of Southampton]

Efeito duplo

Existem dois "pontos críticos" específicos da proteína tau onde essa aglomeração tende a acontecer. Já estão em desenvolvimento fármacos que têm como alvo um ou outro desses pontos, mas a nova substância (RI-AG03) tem como alvo e bloqueia os dois.

"Ao atingir ambas as áreas principais da proteína tau, essa abordagem única pode ajudar a lidar com o crescente impacto da demência na sociedade, fornecendo uma nova opção muito necessária para tratar essas doenças devastadoras," disse o professor Anthony Aggidis, atualmente na Universidade de Southampton, no Reino Unido.

"É importante observar que o estudo está em estágios iniciais, então ainda não sabemos se [o novo fármaco] funcionará ou será seguro para humanos, mas é um desenvolvimento empolgante e estamos ansiosos para ver aonde ele nos levará," disse o professor Richard Oakley, da Sociedade do Alzheimer do Reino Unido, que está financiando a pesquisa.

Hipóteses amiloide e tau

Vários estudos têm contestado a teoria das beta-amiloides como causa de Alzheimer - na verdade, hoje já há todo um corpo de pesquisa que defende que as beta-amiloides são uma defesa do cérebro.

Enquanto isso, alguns cientistas defendem que a aglomeração das proteínas tau explica o Alzheimer melhor que as beta-amiloides, embora aqui também haja controvérsias, com estudos concluindo que proteínas tau no cérebro também podem ter efeito protetor contra Alzheimer.

Checagem com artigo científico:

Artigo: A novel peptide-based tau aggregation inhibitor as a potential therapeutic for Alzheimers disease and other tauopathies
Autores: Anthony Aggidis, George Devitt, Yongrui Zhang, Shreyasi Chatterjee, David Townsend, Nigel J. Fullwood, Eva Ruiz Ortega, Airi Tarutani, Masato Hasegawa, Amber Cooper, Philip Williamson, Ayde Mendoza-Oliva, Marc I. Diamond, Amritpal Mudher, David Allsop
Publicação: Alzheimers & Dementia
DOI: 10.1002/alz.14246
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