10/09/2021

Pessoas evitam ter compaixão pelas outras alegando que isso exige esforço mental

Redação do Diário da Saúde
Pessoas evitam ter compaixão pelas outras alegando que isso exige esforço mental
O que dá esperança é que outros estudos já mostraram que a compaixão e o altruísmo podem ser treinados.
[Imagem: Thinkstock/kuarmungadd]

Compaixão requer esforço?

A compaixão nos ajuda a nos relacionar e a sentir simpatia e empatia pelos outros à medida que nos deparamos com pessoas que passam por dificuldades.

Algumas pessoas, porém, podem evitar ativamente sentir compaixão quando se deparam com essas situações.

Em uma série de experimentos, pesquisadores descobriram que, quando dada a opção pela compaixão, as pessoas frequentemente optavam por evitar sentir compaixão pelos outros, o que era visto como um "esforço mental" a que não queriam se sujeitar.

No entanto, se a situação envolvesse uma pessoa próxima, como um membro da família, as mesmas pessoas se mostraram mais propensas a escolher sentir compaixão e serem compassivas, afirmando que, neste contexto, isso era mais fácil do que no caso dos desconhecidos.

"Experimentar compaixão muitas vezes leva ao desejo de ajudar os outros e melhorar seu bem-estar, mas descobrimos que as pessoas podem não querer sentir compaixão e considerá-la mentalmente desgastante. Saber quando o esforço é importante para a compaixão pode ajudar a informar como pensamos sobre as respostas compassivas mais fracas, seja em resposta a um estranho ou mesmo a um sofrimento em massa, como no caso da pandemia de covid-19," disse o professor Julian Scheffer, da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA).

Treinar compaixão

Estes resultados um tanto inesperados sugerem a necessidade de novas maneiras de encorajar as pessoas a se abrirem para sentir compaixão pelos outros - especialmente nos tempos atuais de divisão, polarização e dificuldades poucas vezes enfrentadas pela humanidade.

O professor Scheffer sugere que uma solução poderia ser preparar as pessoas para assumir as demandas mentais da compaixão, o que pode ajudá-las a estarem mais dispostas a experimentá-la quando a ocasião se oferecer. A expectativa é que, assim como os exercícios melhoram nossa aptidão física, um treinamento em compaixão pode tornar as pessoas mais sensíveis ao sofrimento dos outros - já se sabe que os exercícios de compaixão são particularmente úteis para as pessoas "mais difíceis".

Ele espera que as descobertas revelem por que algumas pessoas podem resistir a sentir compaixão pelos outros, apesar de ser considerado um sentimento tipicamente positivo.

"Mais e mais pessoas estão achando cada vez mais difícil se relacionar umas com as outras, e como as pessoas estão sobrecarregadas com a quantidade de sofrimento atual, devido à pandemia, isso pode tornar a compaixão particularmente difícil," disse Scheffer. "Encontrar maneiras de gerenciar melhor os desafios mentais da compaixão pode fornecer um caminho mais recompensador para gerar motivação pró-social, especialmente neste momento particularmente problemático."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Caring is costly: People avoid the cognitive work of compassion
Autores: J. A. Scheffer, C. D. Cameron, M. Inzlicht
Publicação: Journal of Experimental Psychology General
DOI: 10.1037/xge0001073
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