12/09/2008

Quando você deve fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo?

Andrew Leber

Nós não somos naturalmente máquinas multitarefa

No ritmo alucinado do mundo atual, a multitarefa tem se tornado uma parte cada vez mais importante de nossa rotina diária. Infelizmente, fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo é notoriamente ineficiente.

Entretanto, um novo estudo baseado na análise de imagens do cérebro, conduzido por um neurocientista da Universidade New Hampshire, nos Estados Unidos, descobriu que há momentos ótimos quando nós estamos mais capacitados para a multitarefa.

Bola de cristal cerebral

No estudo Neural predictors of moment-to-moment fluctuations in cognitive flexibility, publicado no último exemplar do jornal Proceedings of the National Academy of Sciences, Andrew Leber explica como o cérebro pode agir como uma bola de cristal para prever quando as pessoas são multitarefeiros eficientes.

"Nós tipicamente sacrificamos a eficiência quando fazemos mais de uma coisa ao mesmo tempo. Entretanto, há momentos quando nós somos muito bons nisso. Infelizmente, sabe-se muito pouco sobre como prever quando esses momentos irão ocorrer," diz Leber.

Multitarefa é, em média, ineficiente

Enquanto mantinham os participantes do estudo fazendo várias coisas ao mesmo tempo, Leber e seus colegas monitoravam sua atividade cerebral utilizando a ressonância magnética funcional (fMRI).

A pesquisa confirma que a multitarefa é, na média, ineficiente. Entretanto, o mapeamento do cérebro permitiu aos pesquisadores predizerem quando as pessoas seriam multitarefeiros ruins ou multitarefeiros ótimos.

De forma mais impressionante, as mudanças no desempenho foram precedidas por alterações nos padrões de atividade cerebral dos participantes. Elevados níveis de atividade em regiões do cérebro com os gânglios basais, córtex cingulato anterior, córtex pré-frontal e córtex parietal, corresponderam a um nível de melhor desempenho na multitarefa.

Prevendo quando a multitarefa vale a pena

"O que é tão impressionante sobre esse resultado é que a atividade cerebral prevê o desempenho na multitarefa antes mesmo que os participantes soubessem que lhes seria pedido para mudar de tarefa ou para repetir as tarefas," diz Leber.

Ser capaz de predizer quando as pessoas estão em estados ótimos para a multitarefa abre enormes possibilidades para a maximização da produtividade em nossas vidas diárias, de acordo com Leber. Idealmente, nós devemos reservar o malabarismo de tarefas para momentos sabidamente ótimos para a multitarefa, e fazer tarefas repetitivas durante períodos sabidamente ruins para a multitarefa.

Todavia, embora os resultados do imageamento cerebral representem um passo crítico para nos ajudar a agendar melhor nossa rotina diária, eles ainda não fornecem uma solução verdadeiramente prática. "Obviamente, uma pessoa normal não pode levar uma máquina de ressonância magnética para o trabalho," diz Leber. "Levará algum tempo até que nossa pesquisa se traduza em benefícios reais para cada um de nós."

Um começo promissor

Apesar disso, ele acredita que este estudo representa um começo promissor.

"O fato de sermos capazes de passar tão rapidamente de uma tarefa para outra não é um acidente da natureza, ele reflete uma capacidade aprimorada para interagir de forma flexível com nosso ambiente. E é benéfico para nós que exercitemos essa incrível capacidade de vez em quando, embora a chave possa estar em manter a moderação," diz ele.

A pesquisa também poderá melhorar o entendimento que os cientistas têm de desordens neurológicas como o Mal de Parkinson, que é marcado por uma degeneração dos gânglios basais. Embora seja de amplo conhecimento que os pacientes de Parkinson experimentem deficiências no controle do movimento, a multitarefa também é severamente afetada.

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