05/12/2007

Riscos de câncer de pele faz médica pedir fim do banho de sol para bebês

Washington Castilhos

Neoplasias de pele

No mundo inteiro, 30% dos casos de câncer diagnosticados são neoplasias de pele. Em Santa Catarina, o câncer de pele representa 43% do total de casos da doença. Segundo Senen Dyba Hauff, do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon) da Secretaria de Saúde daquele estado, o quadro pode ser atribuído a basicamente dois fatores: o índice ultravioleta propiciado pela geografia catarinense e a origem européia da maior parte de sua população.

O índice ultravioleta no estado está acima de 8, considerado muito alto pela escala global da Organização Mundial de Saúde - de 3 a 5 o valor é moderado; acima de 11, extremo.

Fatores ambientais e genéticos

"O câncer resulta da combinação de dois fatores: ambiental e genético. A debilidade ambiental da camada de ozônio aliada à genética de origem européia da população catarinense são favoráveis à incidência de neoplasias de pele", disse Senen no 2º Congresso Internacional de Controle do Câncer, realizado no fim de novembro no Rio de Janeiro.

O problema, segundo a oncologista, é que o Brasil não tem um programa de prevenção contra a doença. "Até mesmo na Noruega e na Finlândia, onde o índice ultravioleta é de 2 a 3, são feitos bons trabalhos de prevenção dessa neoplasia", disse.

Fim do banho de sol em bebês

Ela também fez um alerta: 70% a 80% das radiações que causam câncer de pele na vida adulta foram recebidas na infância, em muitos casos nos famosos "banhos de sol do bebê". No entanto, segundo a pesquisadora, tal hábito deveria ser abandonado pelos pais.

"A recomendação mais comum é que uma criança tome banho de sol por 20 minutos diários. No entanto, dois minutos seriam suficientes para que o organismo sintetize a vitamina D, que previne o raquitismo. Há tempos o banho de sol com tempo mais prolongado tem sido estimulado justamente para prevenir essa doença, que causa amolecimento e enfraquecimento dos ossos. Mas com uma alimentação adequada não há necessidade dessa exposição. Infelizmente, aqui no Brasil ainda não há consenso sobre o assunto, da forma como ocorre na Austrália, no Canadá e nos Estados Unidos", ressaltou.

Prevenção do câncer de pele

A médica apresentou um resumo do amplo trabalho de prevenção e detecção precoce de câncer de pele que está começando em Santa Catarina. Em parceria com alunos da Escola de Moda da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), ela desenvolve uniformes para trabalhadores expostos ao sol, como garis e operários da construção civil, com tecidos fabricados com fator de proteção ultravioleta.

"Esse tipo de tecido faz o trabalho da camada de ozônio, absorvendo a radiação ultravioleta. Uma pessoa que trabalhe exposta ao sol se expõe dez vezes mais do que a dose de exposição recomendada diariamente", disse Senen à Agência FAPESP.

Tipo de câncer que mais cresce

A oncologista ressaltou que o câncer de pele é o que mais sobe estatisticamente no país. "É necessário desconstruir a idéia de que o bronzeado é bonito. Bronzeado significa agressão celular. Não devemos esquecer que vivemos um tempo com uma camada de ozônio mais fina. Ao ir à praia, não se pode deixar de levar o filtro de proteção solar, chapéu e barraca, e jamais pegar o sol do meio-dia", alertou.

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