22/07/2008

Laboratório em São Paulo irá preparar células-tronco com múltiplas finalidades

Thiago Romero - Agência Fapesp
Laboratório em São Paulo irá preparar células-tronco para múltiplos propósitos
[Imagem: Agência Fapesp]

Laboratório Processador de Células-Tronco

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) está em vias de inaugurar, no bloco cirúrgico do Hospital São Paulo, na capital paulista, o Laboratório Processador de Células-Tronco, cujas instalações servirão tanto para fins de pesquisa como para a assistência médica oferecida pelo hospital.

O laboratório permitirá que a coleta e a análise de células-tronco passem a ser feitas no centro cirúrgico do hospital, o que deverá trazer mais agilidade aos procedimentos médicos no local.

"Com o novo laboratório poderemos preparar células-tronco para múltiplos propósitos", disse Enio Buffolo, professor titular de cirurgia cardiovascular da Unifesp e um dos coordenadores do laboratório, à Agência FAPESP. "Para a nossa disciplina, a iniciativa beneficiará os procedimentos cirúrgicos no sentido de aumentar o fluxo sangüíneo dos vasos cardíacos dos pacientes durante as operações."

Diminuição do nível de contaminação

"Essa proximidade do laboratório com os procedimentos médicos, além de torná-los mais rápidos, contribui para a diminuição do nível de contaminação por agentes externos após a extração de material de um determinado tecido para injeção em outro", explicou Buffolo, que recentemente foi indicado para compor o corpo editorial da revista Cell Transplantation.

O laboratório foi montado pela Fundação de Apoio à Unifesp, em parceria com a empresa CellPraxis, que petence à Cryopraxis. "No novo laboratório faremos o processamento de medula óssea para separar as células mais primitivas. Em seguida, essas células serão injetadas na musculatura cardíaca do paciente para aumentar a irrigação de sangue. Esse tipo de procedimento será feito para fins de pesquisa e de tratamento clínico", disse Buffolo.

Separação das células-tronco

Nelson Hossne, cirurgião cardíaco da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular da Unifesp, destaca que, com o novo laboratório, a separação das células-tronco de interesse, após a coleta de sangue da medula óssea dos pacientes, será otimizada.

"Temos agora, em uma sala ao lado da que o paciente é operado, toda a aparelhagem necessária, como centrífuga, capela de fluxo laminar e microscópio, para fazer a separação das células que nos interessam, as mononucleares, das que são descartadas. Além de minimizar os índices de contaminação, esse tipo de procedimento facilitará a manipulação das células", disse Hossne à Agência FAPESP.

Angina refratária

O laboratório conta ainda com um citômetro de fluxo, utilizado na fenotipagem de células provenientes de tecidos variados. O método de citometria de fluxo é usado para contar, examinar e classificar partículas microscópicas suspensas em meio líquido.

A disciplina de Cirurgia Cardiovascular da Escola Paulista de Medicina está realizando um estudo com um grupo de pacientes com angina refratária que, segundo Hossne, são indivíduos portadores de doença coronariana nos quais esgotaram-se as opções de tratamento convencionais.

"Esses pacientes tiveram praticamente tudo o que a medicina consegue oferecer, passaram por tratamento clínico otimizado, foram submetidos a procedimentos como angioplastia e revascularização miocárdica, mas ainda mantém um quadro crônico de dor na região do peito para realização de qualquer atividade cotidiana", explicou.

Efeitos das células-tronco

De acordo com a pesquisa, que teve início em 2005, os pacientes receberam células-tronco mononucleares de suas próprias medulas ósseas, que, em seguida, foram injetadas em músculos cardíacos.

"Por meio de protocolos cirúrgicos, as células foram injetadas na superfície do coração na área responsável pela dor. O resultado é que mais de 80% dos pacientes estão sem dor alguma após o procedimento. Com a injeção das células-tronco, acreditamos ter proporcionado a formação de novos vasos sangüíneos no coração dos pacientes, aumentando a irrigação de sangue", disse Hossne.

Um artigo sobre o estudo foi escrito e está em processo de revisão. "Algumas contribuições originais do trabalho infelizmente ainda não podem ser divulgadas por envolver direitos de patente, mas nosso objetivo é, em breve, publicar os resultados em revistas de alto impacto", afirmou.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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