15/02/2021

Técnica de imagem distingue claramente entre dois tipos de demência

Redação do Diário da Saúde
Técnica de imagem distingue claramente entre dois tipos de demência
Imagens de SPECT, sobrepostas em um atlas de ressonância magnética, de um corte axial (em cima) e um corte sagital (embaixo) do cérebro humano, com uma escala quantitativa (cores artificiais) que mostra as diferenças na doença de Alzheimer, demência com corpos de Lewy e doença de Parkinson (da esquerda para a direita).[Imagem: Francisco Oliveira (CCU)]

Demência com corpos de Lewy

Cientistas em Portugal e no Reino Unido conseguiram confirmar que uma técnica de imagem que permite marcar neurônios produtores de dopamina no cérebro é capaz de distinguir, in vivo, a doença de Alzheimer da menos conhecida "demência com corpos de Lewy".

Este avanço poderá ter implicações importantes no diagnóstico e tratamento destas duas doenças.

A demência com corpos de Lewy (DCL) é uma doença muito incapacitante, com uma série de sintomas em comum com as doenças de Alzheimer (DA) e de Parkinson (DP). Mas ao contrário destas duas doenças, a DCL também inclui mudanças rápidas e perturbadoras do humor e da cognição, distúrbios do sono e alucinações visuais vívidas e por vezes aterradoras.

A DCL constitui uma novidade no espectro das demências, podendo não apenas ser confundida pelos médicos com a doença de Alzheimer, mas também com a doença de Parkinson e com a demência associada à Parkinson (DDP), que pode vir a afetar até 80% dos doentes com Parkinson, em média 10 anos após o diagnóstico inicial.

A equipe usou uma técnica de imagem chamada SPECT (Tomografia computadorizada por emissão de fótons individuais), combinada com a injeção endovenosa de um composto radioativo, o [123I]FP-CIT.

O composto radioativo liga-se aos transportadores do neurotransmissor dopamina, situados na membrana dos neurônios produtores de dopamina, que são muito abundantes numa região específica do cérebro chamada estriado. E, como a população de neurônios produtores de dopamina no estriado diminui drasticamente na DCL (tal como na doença de Parkinson), mas não na doença de Alzheimer, isso permite distinguir a DCL da doença de Alzheimer.

"O fato de sermos capazes de obter uma diferenciação quantitativa entre doenças é crucial," disse o professor Francisco Oliveira. "Estas doenças têm sintomas que se sobrepõem, o que torna o diagnóstico clínico difícil em alguns casos e conduz a uma proporção considerável de diagnósticos errados. Por exemplo, alguns estudos baseados em diagnósticos post-mortem mostram que muitos dos doentes clinicamente diagnosticados como tendo Alzheimer são na realidade doentes com DCL."

Isto pode levar a erros na abordagem destes doentes. Os cuidados clínicos dos doentes com doença de Alzheimer são diferentes dos que é preciso ter com os doentes com DCL. Os doentes com DCL são muito sensíveis a alguns tipos de medicação que precisam ser obrigatoriamente evitados. Em última análise, esses tipos de medicação podem levar quer à deterioração mais rápida, quer à morte precoce destes doentes.

"Os nossos resultados poderão ter um impacto significativo tanto para os doentes como para os seus cuidadores," acrescentou Francisco. "Além disso, a seleção de doentes para participar em ensaios clínicos passa agora a poder ser feita com biomarcadores mais confiáveis."

Os cientistas esperam ainda, no futuro, conseguir distinguir melhor, com este tipo de análise quantitativa, doentes com DCL de doentes com demência por doença de Parkinson. Isto é importante para que ambos possam beneficiar de estratégias de tratamento diferentes.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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