Pernilongos preferem temperaturas mais baixas para passar o dia

Esquema do experimento realizado pela equipe. [Imagem: Raphaela Ziegler et al. - 10.1016/j.jtherbio.2023.103592]

Pernilongos gostam de frio?

Os pernilongos aparecem mais em lugares quentes e, em um dado lugar, aparecem mais no verão do que no inverno.

Então pode-se rapidamente concluir que pernilongos gostam de calor, certo?

Não é tão simples assim. Na verdade, os pernilongos preferem lugares mais frios para descansar - e eles passam a larga maioria do seu tempo descansando.

"Se eles puderem escolher, quando está calor, os mosquitos se escondem em um lugar fresco para descansar," garante o professor Niels Verhulst, da Universidade de Zurique (Suíça).

Verhulst e seus alunos monitoraram os pernilongos fora do laboratório, em ambientes que continham diferentes lugares adequados para os pernilongos se esconderem - só que uma das "cavernas" tinha uma temperatura de 18 ºC, outra de 26 ºC e uma última com 35 ºC. Os mosquitos podiam entrar e sair livremente das caixas, e os cientistas os contavam cinco vezes por dia, a cada duas horas.

Os mosquitos preferiram largamente a caixa mais fresca, e essa preferência acentuou-se cada vez mais conforme o dia avançava, ou seja, à medida que a temperatura ambiente aumentava. "Ao longo dos experimentos, as temperaturas de repouso do Aedes japonicus foram em média quatro graus abaixo das temperaturas ambientes medidas pela estação meteorológica próxima," disse Verhulst.

Melhorar os modelos de previsão de doenças

A equipe agora pretende repetir os experimentos usando pernilongos infectados, capazes de transmitir doenças. Eles querem saber, por exemplo, se os vírus não alteram essa preferência por temperaturas mais baixas, ou mesmo se eles preferem lugares mais quentes para eliminar os patógenos, da mesma forma que fazemos para nos livrar de um vírus quando estamos com febre.

De qualquer forma, as preferências térmicas dos mosquitos são um parâmetro importante a ser levado em consideração nos modelos científicos de previsão de transmissão de doenças.

"Atualmente, os modelos não conseguem prever corretamente o desenvolvimento das populações de mosquitos e seus patógenos, já que são baseados em temperaturas ambientais medidas por estações meteorológicas. No entanto, essas estações medem temperaturas a uma altitude de dois metros no meio do solo, onde nem mesmo há mosquitos," disse Verhulst.

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