11/05/2021

Anestesia não desliga o cérebro, ela apenas muda seu ritmo

Redação do Diário da Saúde
Anestesia não desliga o cérebro, ela apenas muda seu ritmo
Os dados mostram fortes aumentos na sincronia apenas em frequências muito lentas (cor vermelha profunda) entre o tálamo e quatro regiões corticais.[Imagem: Miller/Brown Labs MIT Picower Institute]

Como a anestesia funciona

Em uma visão única e profunda de como um dos anestésicos mais usados hoje - o propofol - causa a inconsciência, pesquisadores do MIT (EUA) descobriram que, à medida que a droga se instala no cérebro, uma ampla faixa de regiões se torna coordenada por ritmos muito lentos e mantêm essa atividade de baixo ritmo ao longo de toda a duração do efeito do anestésico.

Em outras palavras, a anestesia não "desliga" o cérebro, como os cientistas pensavam, ela apenas diminui seu ritmo de funcionamento.

Apenas para colocar isto em perspectiva, é necessário lembrar que a ciência não sabe exatamente como a anestesia nos faz perder a consciência - de fato, uma teoria secular de como anestesia funcionaria foi derrubada no início deste ano.

Além de descobrir esses ritmos mais lentos, a equipe confirmou outros experimentos recentes, que mostraram que é possível cancelar a anestesia geral aplicando eletricidade no cérebro. Neste caso, a estimulação elétrica de uma região mais profunda, o tálamo, restaurou a sincronia dos ritmos cerebrais e níveis de atividade normais de alta frequência do cérebro, despertando o cérebro de volta e fazendo os animais de laboratório acordarem.

"Há uma psicologia popular ou suposição tácita de que o que a anestesia faz é simplesmente 'desligar' o cérebro," comentou o professor Earl Miller. "O que mostramos é que o propofol muda dramaticamente e controla a dinâmica dos ritmos do cérebro."

Ritmos do cérebro

As funções conscientes, como percepção e cognição, dependem da comunicação cerebral coordenada, em particular entre o tálamo e as regiões da superfície do cérebro, o córtex, em uma variedade de bandas de frequências, que variam de 4 a 100 Hz.

O propofol, mostra o estudo, parece reduzir a coordenação entre o tálamo e as regiões corticais para frequências em torno de apenas 1 Hz.

Os pesquisadores afirmam que o entendimento de como os anestésicos alteram os ritmos cerebrais pode melhorar diretamente a segurança dos pacientes porque esses ritmos podem ser facilmente monitorados por um exame de eletroencefalografia (EEG) na sala de cirurgia.

Cuidar melhor dos pacientes

A principal descoberta do estudo - uma assinatura de ritmos muito lentos através do córtex - oferece uma referência que os médicos podem usar para medir diretamente quando os pacientes entraram na inconsciência após a administração de propofol, de quão profundamente eles estão sendo mantidos nesse estado e de quão rapidamente eles podem acordar quando a aplicação do propofol termina.

"Os anestesiologistas podem usar isso como uma forma de cuidar melhor dos pacientes," disse o professor Emery Brown.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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