10/01/2023 Autopercepção negativa parece se autoperpetuarRedação do Diário da Saúde
O eixo vertical representa a quantidade de mudança no "autoesquema", a imagem que cada pessoa tem de si mesma. O eixo horizontal representa o erro de previsão com base no valor afetivo do feedback. Quanto mais à direita, mais positivo é o feedback, e quanto mais à esquerda, mais negativo ele é.[Imagem: Noboru Matsumoto et al. - 10.1007/s10608-022-10332-x]
Autoesquema No final de um dia ruim, como você se sente? A resposta pode indicar não apenas como sua autopercepção se formou, mas também como ela se renova. Acontece que algumas pessoas, em vez de superarem a sensação negativa depois de enfrentar uma dificuldade, podem reforçar essa sensação, realimentando-a. Para testar como isso se dá, Noboru Matsumoto e colegas da Universidade Shinshu (Japão) bolaram um experimento no qual os voluntários acreditavam estar participando de uma avaliação de personalidade feita por inteligência artificial. Depois de cada pergunta em um teste psicológico fictício, os participantes ouviam uma frase de feedback sobre seus traços de personalidade, tendências comportamentais e perspectivas futuras. O detalhe é que todos os participantes receberam as mesmas frases de feedback, mas em uma ordem aleatória. Em cada caso, eles deviam classificar cada frase sobre o quão bem ela se aplicava a eles. Depois de concluírem a avaliação, eles foram então submetidos a um teste surpresa de memória, no qual deveriam relembrar o feedback recebido. Esse teste surpresa mede o que os cientistas chamam de "autoesquema", a imagem que cada pessoa tem de si mesma. Reatividade cognitiva Os dados mostraram que as pessoas que já se viam de forma negativa são mais propensas a lembrar e incorporar um feedback negativo porque ele se alinha com sua autopercepção já formada. Isso é mais profundamente reforçado pelo que os psicólogos chamam de "reatividade cognitiva", disse Matsumoto, um conceito segundo o qual as pessoas com autoimagem negativa são mais propensas a levar para o lado pessoal até mesmo informações negativas sem importância. "Descobrimos que dois fatores importantes estão envolvidos na formação e atualização do autoesquema: a valência emocional - positiva ou negativa - do evento vivenciado e o quanto as pessoas acham que o evento é consistente com seu eu atual," detalhou Matsumoto. "A reatividade cognitiva, ou a tendência de reagir de forma exagerada quando em estado de humor negativo ou depressivo, foi associada a uma maior atualização da autoimagem". Em outras palavras, pessoas que têm uma autoimagem negativa reforçam essa autoimagem toda vez que acreditam estar recebendo uma crítica, enquanto as pessoas que têm uma autoimagem mais positiva não são tão fortemente afetadas mesmo pelas críticas reais. Influenciado na infância Ao trabalhar mais profundamente com os voluntários com autoimagem negativa, os pesquisadores constataram que eles eram fortemente marcados por eventos negativos no início de suas vidas. Ante esses eventos negativos, essas pessoas com alta reatividade cognitiva desenvolvem e fortalecem continuamente uma autovisão negativa - mesmo que tenham experimentado muitos eventos positivos mais tarde na vida. "Essas descobertas sugerem por que alguns indivíduos desenvolvem doenças mentais mesmo em bons ambientes," disse Matsumoto. "Alterar a forma como as pessoas codificam e integram eventos em sua autovisão pode permitir a prevenção e o tratamento de doenças mentais". Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |