25/05/2020

Brasileiros descobrem o que torna covid-19 mais grave em diabéticos

Com informações da Agência Fapesp

Glicose e vírus

Pesquisadores brasileiros desvendaram uma das causas da maior gravidade da covid-19 em pacientes diabéticos.

O teor mais alto de glicose no sangue do paciente diabético é captado por um tipo de célula de defesa conhecido como monócito e serve como uma fonte de energia extra, que permite ao novo coronavírus se replicar mais do que em um organismo saudável. Em resposta à crescente carga viral, os monócitos passam a liberar uma grande quantidade de citocinas [proteínas com ação inflamatória], que causam uma série de efeitos, como a morte de células pulmonares.

"O trabalho mostra uma relação causal entre níveis aumentados de glicose com o que tem sido visto na clínica: maior gravidade da covid-19 em pacientes com diabetes," reforça o professor Pedro Moraes Vieira, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

"Quanto maior a concentração de glicose no monócito, mais o vírus se replicava e mais as células de defesa produziam moléculas como as interleucinas 6 [IL-6] e 1 beta [IL-1β] e o fator de necrose tumoral alfa, que estão associadas ao fenômeno conhecido como tempestade de citocinas, em que não só o pulmão, como todo o organismo, é exposto a essa resposta imunológica descontrolada, desencadeando várias alterações sistêmicas observadas em pacientes graves e que pode levar à morte," explicou Pedro.

Antioxidantes

Para tentar reverter os efeitos, os pesquisadores testaram antioxidantes nas células infectadas, o que mostrou que a hipóxia 1 alfa diminuía a sua atividade e, assim, deixava de influenciar o metabolismo da glicose. Como consequência, fazia com que o vírus parasse de se replicar nos monócitos, as células de defesa infectadas, que não mais produziam citocinas tóxicas para o organismo.

"Quando intervimos no monócito com antioxidantes ou com drogas que inibem o metabolismo da glicose, nós revertemos a replicação do vírus e também a disfunção em outras células de defesa, os linfócitos T. Com isso, evitamos ainda morte das células pulmonares," disse Pedro.

Como as drogas usadas nos experimentos com células estão atualmente em testes clínicos para alguns tipos de câncer, poderiam futuramente ser testadas em pacientes com covid-19.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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