25/03/2022

Especialistas pedem cautela no uso de inteligência artificial em mamografias

Redação do Diário da Saúde

Falsos positivos, doenças reais

Analisar tumores de câncer de mama usando programas de inteligência artificial pode trazer benefícios para a assistência médica às mulheres.

Contudo, os médicos devem proceder com cautela, porque saltos tecnológicos semelhantes no passado já levaram a taxas mais altas de testes falso-positivos e a excessos de tratamentos, que na verdade prejudicaram as pacientes - de fato, um falso-positivo em uma mamografia aumenta o risco de câncer real na mesma paciente.

Este alerta foi publicado em um editorial da renomada revista científica JAMA.

"Sem uma abordagem mais robusta para a avaliação e implementação da IA, dada a adoção inabalável de tecnologias emergentes na prática clínica, não estamos aprendendo com nossos erros passados em mamografia," afirma o editorial.

Erros passados em mamografia

Um desses "erros passados na mamografia", segundo os autores do editorial, foram as ferramentas de detecção dos tumores auxiliadas por computador, que cresceram rapidamente em popularidade no campo do rastreamento do câncer de mama há mais de duas décadas.

Essa automação da análise das mamografias foi aprovado pela autoridade de saúde norte-americana (FDA) em 1998, e, em 2016, mais de 92% das instalações de imagem dos EUA estavam usando a tecnologia para interpretar mamografias e procurar tumores.

Mas as evidências mostraram que essa detecção de tumores auxiliada por computador não melhorou a precisão das mamografias.

"As ferramentas CAD [diagnóstico auxiliado por computador] estão associadas a um aumento das taxas de falsos positivos, levando ao diagnóstico excessivo de carcinoma ductal in situ e a testes diagnósticos desnecessários," escreveram os autores. Essas evidências fizeram com que o seguro saúde dos EUA (Medicare) parasse de pagar pelo diagnóstico auxiliador por computador em 2018, depois de gastos anuais de mais de US$ 400 milhões.

"A adoção prematura do diagnóstico auxiliado por computador é um sintoma premonitório da adoção bem-intencionada de tecnologias emergentes, antes de entender completamente seu impacto nos resultados para os pacientes," escrevem Joann Elmore (Universidade da Califórnia de Los Angeles) e Christoph Lee (Universidade de Washington).

Os médicos sugerem várias salvaguardas a serem implementadas para evitar "repetir erros do passado", incluindo vincular o reembolso para técnicas de inteligência artificial a "melhores resultados para as pacientes, não apenas a um melhor desempenho técnico em ambientes artificiais".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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