16/04/2020

Descoberta sobre sistema imunológico pode melhorar vacinas e tratamentos para alergias

Redação do Diário da Saúde
Memória do sistema imunológico
Células imunes vistas por microscopia de fluorescência: As células-tronco do sangue lembram-se de um ataque anterior e produzem mais células imunes, como esses macrófagos, para combater uma nova infecção[Imagem: Sieweke Lab/CIML]

Vacinação e doenças autoimunes

As células-tronco do nosso corpo agem como reservatórios de células que se dividem para produzir novas células-tronco, além de se diferenciar em uma infinidade de tipos diferentes de células especializadas, necessárias para garantir a renovação e o funcionamento dos tecidos.

Agora, pesquisadores descobriram uma propriedade surpreendente das células-tronco sanguíneas: elas não apenas garantem a renovação contínua das células sanguíneas e contribuem para a resposta imunológica desencadeada por uma infecção, mas também lembram-se de encontros infecciosos anteriores para gerar uma resposta imune mais rápida e mais eficiente no futuro.

Esta descoberta tem um impacto significativo nas estratégias de vacinação e deve abrir caminho para novos tratamentos de condições nas quais o sistema imunológico apresenta um desempenho insuficiente ou uma reação excessiva, como nas doenças autoimunes e nas alergias.

Memória imunológica

Comumente chamadas "células-tronco do sangue", as células-tronco hematopoiéticas (CTH) estão localizadas na medula óssea, o tecido mole que fica no centro de ossos grandes, como os dos quadris e das coxas. Seu papel é renovar o repertório de células sanguíneas, incluindo as células do sistema imunológico, cruciais para combater infecções e outras doenças.

É bem conhecido o fato de que o sistema imunológico possui uma memória que permite responder melhor ao retorno de agentes infecciosos. O que os pesquisadores descobriram agora é que as células-tronco do sangue desempenham um papel central nessa memória.

"Descobrimos que as CTHs [células-tronco hematopoiéticas] podem gerar uma resposta imunológica mais rápida e mais eficiente se tiverem sido expostos ao LPS [lipopolissacarídeo], uma molécula bacteriana que imita a infecção," disse Sandrine Sarrazin, do instituto francês Inserm.

"A primeira exposição ao LPS faz com que sejam depositadas marcas no DNA das células-tronco, bem ao redor de genes importantes para uma resposta imune. Assim como os favoritos [os sites preferidos em um navegador da internet], as marcas no DNA garantem que esses genes sejam facilmente encontrados, acessados e ativados para uma resposta rápida caso ocorra uma segunda infecção por um agente semelhante," detalhou o professor Michael Sieweke, da Universidade Tecnológica de Dresden (Alemanha).

Memória do sistema imunológico
Mecanismo de funcionamento da memória das células-tronco sanguíneas.
[Imagem: Berengere de Laval et al. - 10.1016/j.stem.2020.01.017]

Melhores vacinas

A equipe entrou em mais detalhes para ver como a memória estava inscrita no DNA e descobriu que a proteína beta de ligação C/EBPb é o ator principal, o que revela uma nova função para esse fator, que também é importante para respostas imunes a primeiros ataques.

Juntas, essas descobertas devem levar a melhorias no ajuste do sistema imunológico ou a melhores estratégias de vacinação.

"A capacidade do sistema imunológico de rastrear infecções anteriores e responder com mais eficiência na segunda vez em que são encontradas é o princípio básico das vacinas. Agora que entendemos como as células-tronco do sangue etiquetam os circuitos de resposta imune, deveremos ser capazes de otimizar estratégias de imunização para ampliar a proteção a agentes infecciosos. Isso também pode levar a novas formas de reforçar a resposta imune quando ela apresenta baixo desempenho ou desativá-la quando ela exagera," concluiu o professor Michael Sieweke.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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