03/12/2020

Cirurgia de ombro é feita com encaixe furo e espiga usado na marcenaria

Redação do Diário da Saúde
Cirurgia de ombro é feita com encaixe furo e espiga da marcenaria
O tradicional encaixe furo e espiga da marcenaria (esquerda) e sua versão ortopédica (direita). [Imagem: Lin Lin et al. - 10.2106/JBJS.20.00382]

Encaixe de ossos

Cirurgiões ortopédicos foram buscar na marcenaria uma solução para um tratamento que não tem dado os resultados esperados: as cirurgias de ombro.

Existem técnicas para lidar com a instabilidade recorrente do ombro, mas elas são propensas a problemas, sobretudo falhas de enxertos ósseos mantidos apenas por parafusos.

Esse problema foi resolvido há milênios pela marcenaria e pela carpintaria, para garantir a união de peças de madeira, como os pés das mesas e cadeiras.

A técnica da marcenaria é conhecida como "furo e espiga": Uma das peças recebe um furo alongado, enquanto na outra é feito um rebaixo equivalente, chamado espiga, na exata medida para se encaixar no furo. Esse é um dos encaixes mais resistentes, podendo se manter apenas por colagem, dispensando até mesmo os parafusos.

A ideia de usar a técnica de furo e espiga nas cirurgias ortopédicas foi do Dr. Guoqing Cui, da Universidade de Pequim (China), que batizou a operação de "procedimento artroscópico de Bristow embutido".

Eles já aplicaram a técnica em 51 pacientes, e agora publicaram um artigo relatando os resultados.

Furo e espiga em ossos

Um ano após o procedimento, o enxerto ósseo furo e espiga havia cicatrizado em 96% dos pacientes, com apenas dois pacientes apresentando não-união do enxerto ósseo. As tomografias de acompanhamento mostraram bom posicionamento do enxerto, com pouco ou nenhum sinal de degeneração óssea.

Os pacientes também apresentam melhor funcionalidade com o novo procedimento, com melhorias significativas na estabilidade do ombro e na função geral da articulação em um acompanhamento mínimo de três anos - 87% dos pacientes conseguiram retornar à prática de esportes.

Com base nesses resultados, a equipe afirma que o procedimento artroscópico furo e espiga oferece uma abordagem reconstrutiva promissora em pacientes com instabilidade recorrente do ombro.

Segundo os pesquisadores, a força inerente do encaixe furo e espiga aumenta a área de contato e o posicionamento adequado do enxerto ósseo, com altas taxas de consolidação óssea e bons resultados clínicos. Mas a equipe também ressalta que mais estudos serão necessários para confirmar a confiabilidade do procedimento a longo prazo, comparando os resultados do procedimento com outros tratamentos para instabilidade recorrente do ombro.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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