30/10/2017

Cocaína na adolescência é mais prejudicial que na vida adulta

Redação do Diário da Saúde

Prejuízos ao desenvolvimento

Pessoas que começam a usar cocaína durante a adolescência desenvolvem déficits cognitivos mais significativos do que quem inicia o consumo da droga na vida adulta.

O que já era suspeitado por especialistas em neurociência acaba de ser demonstrado de forma objetiva por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP.

"Dados da literatura científica indicam que até os 25 anos de idade uma região do cérebro conhecida como córtex pré-frontal está em desenvolvimento. Essa região se relaciona com as chamadas funções executivas, como planejamento, tomada de decisão, controle inibitório, atenção e memória de trabalho. Decidimos avaliar, portanto, se essas habilidades estavam mais prejudicadas nos usuários com início precoce," contou a psicóloga Bruna Mayara Lopes, principal responsável pela pesquisa.

Ao comparar os dois grupos de dependentes, os médicos observaram diferenças marcantes principalmente em habilidades como atenção sustentada (requerida para a realização de tarefas longas, como o preenchimento de um questionário), memória de trabalho (necessária para o cumprimento de ações específicas, como a de um garçom que precisa gravar o pedido de cada uma das mesas até o momento de entregar o prato corretamente) e memória declarativa (que corresponde ao armazenamento e recuperação de dados após um período de intervalo).

Além disso, no grupo de usuários com início precoce foi 50% mais frequente o consumo concomitante de maconha e 30% de álcool, quando comparado com dependentes que iniciaram o uso depois dos 18.

"A adolescência é considerada uma das etapas cruciais do desenvolvimento cerebral, quando o excesso de sinapses é eliminado e as estruturas essenciais para a vida adulta são selecionadas e refinadas. O uso de drogas nesse momento pode atrapalhar o processo de programação do cérebro e fazer com que conexões importantes sejam perdidas", comentou o professor Paulo Jannuzzi Cunha.

A faixa etária dos participantes variou de 20 a 35 anos, a proporção de homens e mulheres foi semelhante e todos foram mantidos internados, para garantia de que os resultados não seriam desviados por usos não contabilizados pelos pesquisadores. Entre os dependentes com início precoce destaca-se um participante que faz uso de cocaína desde os 12 anos.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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