20/12/2018

Como os carros sem motorista devem decidir no caso de acidentes?

Redação do Diário da Saúde
Como os carros sem motorista devem decidir no caso de acidentes?
Quem deve ser poupado do acidente?[Imagem: Edmond Awad et al. Nature.]

Ética dos carros autônomos

Imagine que os carros autônomos - a tecnologia que permitirá que os carros andem sem precisar de motoristas - já tenham chegado ao mercado e você está prestes a comprar o seu.

Que modelo você escolheria quando se tratasse da forma como esse carro está programado para reagir em uma situação de perigo? Um modelo programado para evitar a sua morte a qualquer custo, ou outro programado para guiá-lo para o menor dano possível, reduzindo o número de mortos (você morrer em vez de um grupo na calçada, por exemplo)?

Uma pesquisa global, realizada por pesquisadores do MIT (EUA), revelou algumas preferências diferentes em várias partes do mundo sobre a ética dos veículos autônomos, uma ética que estará embutida no software desses carros sem motorista.

Dilema dos carros sem motorista

Mais de 2 milhões de participantes, de mais de 200 países, avaliaram versões de um enigma ético clássico, o chamado "Dilema do Bonde".

O problema envolve cenários em que um acidente envolvendo um veículo é iminente e o veículo deve optar por uma de duas opções potencialmente fatais, uma que mata uma única pessoa, e outra que mata muitas. No caso dos carros sem motorista, isso pode significar desviar em direção a duas pessoas, em vez de em direção a um grande grupo, ou mesmo optar por um choque que ameace a vida do próprio motorista.

"O estudo está basicamente tentando entender os tipos de decisões morais com que os carros sem motoristas podem ter de lidar," disse o pesquisador Edmond Awad. "Ainda não sabemos como eles devem fazer isso, mas descobrimos que há três elementos que as pessoas parecem aprovar mais."

Experimento da Máquina Moral

As preferências globais mais enfáticas são (1) poupar a vida de seres humanos em detrimento da vida de outros animais; (2) poupar a vida de muitas pessoas em vez de poucas; e (3) preservar a vida dos jovens, em vez da vida de pessoas mais velhas.

"As principais preferências apresentaram um certo grau de universalidade," observou Awad. "Mas o grau em que elas concordam com isso ou não varia entre diferentes grupos ou países."

Por exemplo, os pesquisadores constataram uma tendência menos pronunciada para favorecer os jovens, em vez dos idosos, no que eles definiram como um agrupamento "oriental" de países, incluindo muitos na Ásia. Essa é uma solução controversa para um dilema que tem dividido os pesquisadores no campo da ética há milênios.

Como os carros sem motorista devem decidir no caso de acidentes?
Vantagem ou desvantagem relativa para cada categoria de pessoas em comparação com um adulto (masculino ou feminino). Por exemplo, a probabilidade de uma criança ser uma menina poupada é maior que a de um adulto sendo poupado.
[Imagem: Diário da Saúde - Adaptado de Edmond Awad et al. Nature.]

A equipe chamou o estudo de "Experimento da Máquina Moral", cujos resultados foram publicados pela revista Nature.

Contudo, uma questão que o estudo não responde, e que dificilmente será captado por estudos por meio de entrevistas, é: Será que a ética que as pessoas defendem para os outros será a mesma ética embutida no software do carro que elas escolherão comprar para si mesmas?

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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