30/11/2023 Como nosso coração mexe com nosso cérebro: Ciclo cardíaco afeta resposta neuralRedação do Diário da Saúde
Pesquisadores descobriram uma conexão entre o coração e o cérebro humanos, revelando janelas de tempo distintas adaptadas para a ação e para a percepção.[Imagem: Mohamed Ben Ammar/Pixabay]
Quando o coração manda no cérebro Se você acabou de ler que nossos olhos literalmente conversam com nossos ouvidos, prepare-se para conhecer mais um bate-papo fisiológico que rola dentro de nós mesmos - só que este é silencioso e rápido. As maneiras pelas quais percebemos e nos envolvemos com o mundo - nossa percepção - são influenciadas por processos corporais internos, como os batimentos cardíacos, a respiração e a digestão. A atividade cardíaca, especificamente, pode influenciar a percepção auditiva e visual, e também já se sabia que a fase sistólica do ciclo cardíaco, quando os vasos sanguíneos são brevemente distendidos, diminui nossas percepções sensoriais e táteis. Agora, Esra Al e seus colegas do Instituto Max Planck de Ciências Humanas Cognitivas e do Cérebro (Alemanha) descobriram que tudo é muito preciso, existindo janelas ideais para a ação e para a percepção durante o breve intervalo de 0,8 segundo de um batimento cardíaco. A sequência de contração e relaxamento do coração tem uma estreita e precisa ligação com alterações no nosso sistema motor e na nossa capacidade de responder aos estímulos. E isto pode ter implicações nos tratamentos de inúmeras patologias, da depressão ao acidente vascular cerebral, passando por todas as condições que excitam as células nervosas. A temporização adequada da estimulação transcraniana deverá ter impacto direto em tratamentos para várias condições. [Imagem: Esra Al et al. - 10.1371/journal.pbio.3002393] Ajustes na percepção A equipe queria entender se havia alterações na excitabilidade cortical e corticoespinhal - a capacidade de responder a estímulos - ao longo do ciclo cardíaco. Para isso, 37 voluntários saudáveis, com idades entre 18 e 40 anos, receberam uma série de pulsos de estimulação magnética transcraniana (TMS) - pulsos magnéticos curtos não invasivos que estimulam as células nervosas - acima do lado direito do cérebro. As respostas motoras e corticais, bem como os batimentos cardíacos, foram medidos durante os pulsos. Os pesquisadores descobriram que a fase sistólica gera uma resposta aos estímulos - uma excitabilidade - muito maior do que durante as outras fases do batimento cardíaco. As gravações simultâneas da atividade cerebral, da atividade cardíaca e da atividade muscular indicam que o tempo dos batimentos cardíacos e seu processamento neural estão ligados a mudanças na capacidade e na velocidade de resposta do sistema motor. "É intrigante, este estudo revela uma ligação notável entre o coração e o cérebro humanos, revelando janelas de tempo distintas adaptadas à ação e à percepção," escreveu a equipe. A estimulação magnética transcraniana é usada em tratamentos para depressão e recuperação após derrames. Estas novas descobertas sugerem que os parâmetros dessa estimulação podem ser ajustados para melhorar os resultados, bem como contribuir para uma maior compreensão das interações cérebro-corpo na saúde e na doença. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |