11/03/2021

Covid-19 está gerando epidemia silenciosa de tristeza

Redação do Diário da Saúde
Covid-19 está gerando
Sabe-se que um luto forte demais pode ameaçar a vida, mas a pandemia colocou milhares de pessoas sem direito ao luto.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Sem direito ao luto

A pandemia de covid-19 está causando mudanças importantes nas questões relativas ao luto, em meio a uma enxurrada de demanda por ajuda de pessoas enlutadas.

Estima-se que, para cada morte, nove pessoas são afetadas pelo luto.

Com o agravamento da situação, a escala do impacto da pandemia sobre os enlutados agora está se tornando aparente, seja a morte por covid ou por outras causas.

O primeiro grande estudo sobre mudanças relacionadas à pandemia no atendimento ao luto, feito por pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido), descobriu que a mudança para o trabalho remoto ajudou alguns serviços de auxílio à distância a prosperaram, mas muitos profissionais de saúde sentem que não têm capacidade para atender às necessidades das pessoas.

Morte sem luto

Aqueles cujos entes queridos morreram com covid-19 tiveram que lidar com a morte súbita e inesperada, mortes em unidades de terapia intensiva, e ver entes queridos sofrendo sintomas graves, incluindo a falta de ar e a agitação no final da vida.

Além disso, as medidas de distanciamento social têm significado restringir as visitas no final da vida, deixando muitas pessoas morrerem sozinhas.

Visitas ao corpo da pessoa falecida e procedimentos funerários foram severamente restringidos, com grande impacto sobre os enlutados por todas as causas, não apenas da covid-19. Todos esses fatores significam que os riscos de respostas de luto complicadas e prolongadas aumentaram durante a pandemia.

Epidemia silenciosa de dor

Durante a pesquisa, 805 pessoas descreveram suas experiências e pontos de vista sobre as mudanças nos cuidados envolvendo o luto, incluindo pessoas que trabalham na comunidade, casos de cuidados e hospitais.

Os depoimentos comprovam que um conjunto grande e "invisível" de pessoas não teve acesso a suporte ou teve suportes restritos, levando a necessidades não atendidas. "Pode haver uma epidemia silenciosa de tristeza que ainda não detectamos," disse um médico de medicina paliativa.

"Muitas pessoas que morreram tiveram negada a oportunidade de morrer em seu local de atendimento preferido e morreram em ambientes subótimos para receber seus cuidados nos últimos dias," disse um clínico geral.

"Falar sobre o luto continua sendo uma área de desconforto público, e é importante que os profissionais incentivem as pessoas enlutadas a ver o luto como um motivo 'válido' para buscar ajuda de serviços de saúde e comunitários, bem como daqueles em quem confiam em suas comunidades. Foi encorajador ver que muitos entrevistados relataram o desenvolvimento de serviços novos e expandidos, mas é imperativo que eles se tornem sustentáveis no longo prazo. A necessidade não está desaparecendo," disse o professor Andy Langford, coautor do estudo.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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