20/09/2019

Cremes para a pele não são o que pensávamos que fossem

Redação do Diário da Saúde
Cremes para a pele não são o que pensávamos que fossem
Modelo da estrutura molecular de um creme, com os átomos de um surfactante e de um co-surfactante na lamela mostrados em cinza claro e escuro no meio da imagem. Os átomos de um conservante aparecem em verde e cinza claro nas bordas. As esferas vermelha e laranja são átomos de oxigênio e sódio, respectivamente.[Imagem: David Barlow/Delaram Ahmadi]

Do que é feito um creme para a pele?

Qualquer pessoa que tenha passado pelo estresse e pelo desconforto de uma pele irritada conhece o alívio que vem com o passar uma loção cremosa sobre a secura e a aspereza que tanto incomodam.

Por isso talvez lhe surpreenda saber que, embora os cremes tópicos geralmente tenham alguns ingredientes padrão, os fabricantes sabem pouco sobre como esses componentes interagem para influenciar o desempenho dos seus produtos.

Agora, pesquisadores relataram o primeiro vislumbre direto de como um creme ou loção é estruturado em sua escala molecular - e não é exatamente o que eles esperavam.

"A estabilidade a longo prazo e as propriedades clínicas de um creme são determinadas por sua estrutura fundamental," explica a professora Delaram Ahmadi, do King's College de Londres (Reino Unido). "Se pudermos entender a microestrutura química do creme e relacionar isso com a estrutura da pele, talvez possamos reparar melhor a barreira comprometida da pele".

Composição dos cremes

Pesquisadores acadêmicos e da indústria têm inferido a estrutura dessas emulsões com base principalmente em medições indiretas. Mas Ahmadi adotou uma abordagem direta, analisando o creme usando técnicas de espalhamento de raios X e de nêutrons para determinar como os ingredientes se dispersam sobre a pele.

A teoria indicava que um creme é uma pilha de lamelas, ou membranas, compostas de surfactantes (saponáceos) e co-surfactantes que mantêm gotículas de óleo dispersas na água (ou vice-versa). Para revelar a verdadeira estrutura de um creme, os pesquisadores começaram com uma formulação de creme aquoso da Farmacopeia Britânica, que contém dois co-surfactantes e um surfactante de dodecil sulfato de sódio (SDS). Eles também incorporaram um diol, conhecido por atuar como conservante.

Um por um, Ahmadi substituiu cada ingrediente por versões isotópicas mais pesadas. Após cada substituição, ela disparava raios X e nêutrons sobre as amostras marcadas com isótopos e, a partir dos padrões resultantes da dispersão, determinava a localização de cada ingrediente e o agregado que ele formava no interior do creme.

Os resultados foram surpreendentes. Embora os co-surfactantes apareçam nas camadas lamelares, como previsto, o surfactante não estava lá. "O perfil do pico de surfactante sugere que a molécula forma micelas no creme," conta Ahmadi. Além disso, o conservante não foi encontrado na camada aquosa, onde os cientistas sempre presumiram que ele estaria - na verdade, o surfactante vai ocupar seu espaço nas lamelas.

Dispensa o conservante

Os conservantes têm um efeito antimicrobiano, prolongando assim o prazo de validade do produto. Os formuladores têm assumido que, para ser um antimicrobiano eficaz, o conservante deveria ser dissolvido na camada aquosa. Assim, Ahmadi afirma que suas descobertas podem significar que os cremes são essencialmente autoconserváveis.

Agora, a equipe está realizando experimentos em computador para modelar o comportamento dos conservantes em um sistema de duas camadas, como um creme, para entender por que eles estão na camada de membrana. E querem entender melhor a estrutura das micelas surfactantes dispersas nas camadas.

Outro objetivo é estudar cremes diferentes e se concentrar nos ingredientes atualmente usados pela indústria.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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