12/11/2009

Curso ensina masturbação para jovens em escolas da Espanha

Anelise Infante

O prazer está em suas mãos

Um novo curso escolar que ensina masturbação a jovens de 14 aos 17 anos está provocando polêmica entre pais e educadores na Espanha.

O curso faz parte de um programa introduzido pelas Secretarias de Educação e Juventude da província de Extremadura, e intitulado "O prazer está em suas mãos". Ele pretende acabar com mitos para que os adolescentes entendam a sexualidade de forma natural.

Masturbação e objetos eróticos

As aulas sobre sexo serão facultativas nas escolas de segundo grau da província de Extremadura (oeste do país) a partir de novembro. Os conteúdos vão de anatomia e fisiologia sexual masculina e feminina até técnicas de masturbação e uso de objetos eróticos.

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Curso ensina masturbação para jovens em escolas da Espanha
Segundo os organizadores, o curso "O prazer está em suas mãos" quer atacar mitos sobre a masturbação e fazer com que os adolescentes entendam a sexualidade de forma mais natural.
[Imagem: BBC]

Para a secretária de Juventude de Extremadura, Laura Garrido, o novo curso "não deveria escandalizar a ninguém, principalmente porque todos nós fomos adolescentes algum dia e todos nós temos sexualidade".

Consciente das críticas de grupos de pais de alunos e veículos de comunicação conservadores, que classificaram a atividade escolar de imoral e irresponsável, a secretária disse à BBC Brasil que "resumir tudo em uma polêmica sobre como sentir prazer é uma barbaridade".

"O programa tem muitos mais aspectos, como hábitos saudáveis, autoestima, afetividade, identidade de gênero, doenças de transmissão sexual... e esperamos derrubar muitos mitos negativos sobre a masturbação, é óbvio".

Prazer quando e onde você quiser

A Secretaria de Educação de Extremadura elaborou 1.200 livros em formato revista com exemplos de dúvidas habituais de adolescentes sobre o tema e as respectivas respostas de educadores e sexólogos.

O material didático das aulas inclui mapas da anatomia humana, explicações sobre tipos de brinquedos eróticos, endereços úteis e até um baralho que coloca os jogadores em exemplos de situações de risco como uma ereção prolongada ou uma infecção genital, para que saibam como resolver os problemas.

Os slogans do curso escolar - "O prazer está em suas mãos" e "Prazer quando e onde você quiser" - foram aprovados pelo Instituto da Mulher de Extremadura (ONG que reúne associações feministas locais), porque consideram as aulas necessárias para que os jovens entendam que o sexo não é apenas um ato físico.

"Se esse curso conseguir que os nossos filhos se desenvolvam através de uma sexualidade saudável, será mais fácil evitar condutas discriminatórias e agressivas em suas relações", disse à BBC Brasil a diretora geral do Instituto da Mulher, Maria José Pulido.

"É importante que pais e educadores possam tratar a sexualidade como um comportamento, uma expressão afetiva e de saúde também".

Cidadania para a Educação

Mas nem todos os pais de alunos estão de acordo. A Associação de Pais Católicos de Extremadura formou um grupo de protesto chamado "Cidadania para a Educação" e ameaça levar o governo regional aos tribunais.

O grupo abriu um fórum de debate na internet e enviou uma carta ao governador local reclamando do novo curso escolar.

"Exigimos ser informados previamente da natureza, do conteúdo e da orientação de toda atividade que tenha alguma implicação de caráter moral, porque somos os primeiros e principais educadores de nossos filhos", diz a carta.

A presidente da associação, Margarita Cabrer, disse à BBC Brasil que ainda não recebeu resposta do governo e que o grupo de pais estuda vias legais para processar o Estado se o curso continuar até o fim do ano letivo (junho de 2010).

"O problema não é o ensino de masturbação. Não me preocupa que meus filhos se masturbem. O que me preocupa é que um adulto, cujos hábitos e valores morais eu desconheço, seja quem ensine os meus filhos a fazê-lo", afirmou.

Cabrer disse também que espera uma intervenção imediata do Juizado de Menores de Extremadura, porque acha que o curso pode infringir o código penal nos artigos sobre corrupção de menores.

A assessoria de imprensa do Juizado de Menores de Extremadura não quis fazer comentários sobre o assunto à BBC Brasil.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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