23/07/2020

Descoberta conexão entre metabolismo e sistema imunológico

Com informações da Agência Fapesp
Descoberta conexão entre metabolismo e sistema imunológico
Enzima relacionada à produção de energia celular também participa da diferenciação de células autoimunes envolvidas na inflamação exacerbada.[Imagem: José Carlos Farias Alves Filho]

Metabolismo e sistema imunológico

Pesquisadores brasileiros descobriram que uma enzima ligada a processos metabólicos também está envolvida na diferenciação das células imunes e, por consequência, no desenvolvimento de doenças autoimunes.

A descoberta, feita pelo aluno de mestrado Luís Eduardo Damasceno, abre caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos e medicamentos mais efetivos e com melhor custo-benefício para esse tipo de doença.

"Demonstramos que há uma conexão entre metabolismo celular e sistema imune. Está ficando muito claro que enzimas e outras moléculas metabólicas são importantes não apenas para o metabolismo celular, mas também para outras funções, como a resposta imune," conta o professor José Carlos Farias, da USP em Ribeirão Preto (SP).

A enzima é a pituvato quinase M2, ou PKM2, sigla do nome em inglês (pytuvate kinase M2). Conhecida por estar envolvida na produção de energia celular (glicólise), a equipe descobriu que ela também tem um papel crucial no desenvolvimento e na manutenção da inflamação exacerbada, uma condição associada às doenças autoimunes.

"Nesse caso específico, verificamos que a enzima PKM2 atua paralelamente na diferenciação do linfócito Th17. Esse subtipo de linfócito desencadeia a encefalomielite autoimune experimental, um modelo animal de esclerose múltipla," detalhou José Carlos.

Tratamento para doenças autoimunes

A descoberta do papel-chave da enzima PKM2 no desenvolvimento de doenças autoimunes abre caminho para o estabelecimento de novas estratégias de tratamento.

Atualmente, existem no mercado diferentes fármacos imunobiológicos para o tratamento de doenças autoimunes, que atuam inibindo citocinas envolvidas na ativação e diferenciação de diferentes subtipos de linfócitos.

"Estima-se, porém, que cerca de 40% dos pacientes por algum motivo não respondem bem a esse tratamento. Para essa parcela da população existe outro tipo de tratamento com os medicamentos imunobiológicos, que têm um benefício muito grande, mas são extremamente caros e, portanto, não conseguem atingir toda a população," contou o professor José Carlos.

A equipe já está se dedicando a desenvolver novas substâncias que atuem na translocação da enzima. "Isso abre uma perspectiva futura de tratamento para doenças autoimunes, ou para doenças inflamatórias que dependam dessa enzima. Nessa próxima etapa, estamos buscando o desenvolvimento de novas drogas que possam interagir com esse sítio de interação e que inibam a capacidade da enzima de translocar para o núcleo," concluiu José Carlos.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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