22/07/2009

Desemprego e informalidade atingem dois terços dos jovens

Luiza Ribeiro/Fundação Oswaldo Cruz

Educação e trabalho para os jovens

De acordo com o estudo 'Trabalho Decente e Juventude no Brasil', divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 67% das pessoas entre 15 e 24 anos estão desempregadas ou em empregos informais. O estudo, com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2006, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisa informações o perfil educacional dos jovens, presença no mercado de trabalho e participação na renda domiciliar.

Ainda segundo a OIT, 18,5% da população brasileira era composta por jovens entre 15 e 24 anos, totalizando 34,7 milhões de pessoas. Os números mostram que o nível de escolaridade dos jovens era maior que o dos adultos, o que se reflete nas taxas de analfabetismo: 13% entre adultos e 2,4% entre os jovens.

Enquanto nas regiões Sudeste e Sul mais da metade dos jovens entre 15 e 17 anos estudam no Ensino Médio, no Nordeste e Norte, esse percentual é de cerca de apenas 30%. A taxa de escolarização é maior nas áreas urbanas metropolitanas (55,2%), entre as mulheres (52%), brancos (37,4%) e entre os mais ricos (77,2% dos 20% mais ricos). No Ensino Superior, o padrão se repete: as áreas de melhor desempenho são o Sudeste e Sul, nas áreas urbanas metropolitanas, com maior presença feminina, de brancos e ricos.

Educação profissional

A oferta de educação profissional no país se mostra restrita. O relatório afirma que, segundo estimativas do Ministério da Educação, somente 17,2% das cidades brasileiras possuíam cursos técnicos em 2005, sendo que na região Nordeste essa modalidade estava presente em apenas 8% dos municípios - porcentagem que chega aos 26,5% no Sudeste.

Para o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, a concentração das escolas técnicas é reflexo da localização da estrutura produtiva do país em décadas anteriores, quando a região Sudeste apresentava maior crescimento.

A partir dos anos 1990, a região passou a ter menor crescimento, mas as escolas continuaram concentradas no local: "Nos anos 1990 para cá, nós tivemos a redução produtiva e decadência de algumas regiões como a Sudeste, que cresceu menos que a média nacional, enquanto outras regiões cresceram acima dessa média. O que ocorreu é que a estrutura educacional está atrelada à herança produtiva. Se não diversificarmos a estrutura das escolas, vamos manter os traços do passado. Do ponto de vista econômico, essa localização já não se sustenta mais", comenta.

Desemprego entre os jovens

De acordo com a pesquisa, a taxa de desemprego entre os jovens era de 17,8%, enquanto entre os adultos o percentual era de 5,6%. De acordo com Pochmann, é comum que também em outros países haja mais jovens que adultos desempregados.

Porém, no Brasil, a diferença entre esses percentuais é ainda maior que a média mundial: "Nos anos 1990, apesar do desemprego entre adultos ter crescido, o dos jovens cresceu muito mais.

Em parte, os empregos que eram ocupados por jovens, como agricultura, construção civil, em bancos privados e no setor público, foram reduzidos nos anos 1990, quando o país passou por uma reestruturação econômica. Além disso, por conta do desemprego dos adultos, eles passaram a disputar empregos com os jovens".

Mais de metade dos jovens estão na informalidade

A maior parte da juventude trabalha na informalidade, setor onde estão 60,5% dos 18,2 milhões de jovens. A informalidade é maior entre as mulheres negras (70,7%) e menor entre os homens brancos (51,5%). No meio rural, o percentual é ainda maior: mais de 80% dos jovens trabalha informalmente.

Segundo Márcio Pochmann, o trabalho informal sempre foi uma maneira de ingresso no mercado, porém, hoje, o que era uma etapa passou a fazer parte da estrutura econômica: "No Brasil, a informalidade historicamente se constituiu em uma fase de transição do primeiro emprego. Era uma situação temporária.

Ocorre que a partir dos anos 1990, o que era um ritual de passagem se tornou algo estrutural, uma das poucas oportunidades de emprego de jovens. E, muitas vezes, o emprego informal não é uma preparação para um emprego formal posterior, mas uma condição de inserção no trabalho".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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