14/01/2020

Eletroencefalograma não é confiável para determinar consciência

Redação do Diário da Saúde
Eletroencefalograma não é confiável para dizer se um cérebro está consciente
Em uma pesquisa correlata, a conclusão é que a ciência ainda não tem explicações definitivas sobre como a anestesia nos faz perder a consciência.[Imagem: Cortesia Lee Lab/Stanford University]

Medição da consciência

Surpreendentemente, médicos e cientistas continuam debatendo sobre como determinar com segurança se alguém está consciente ou não.

Esta questão é de grande importância prática ao tomar decisões médicas sobre anestesia, tratar pacientes em estado vegetativo ou coma ou mesmo determinar a morte encefálica, o que é importante para a doação de órgãos.

Quanto à consciência, os cientistas confiam em várias medidas de um eletroencefalograma, ou EEG, para avaliar o nível de consciência no cérebro.

Mas os eletroencefalogramas podem nem sempre ser um reflexo confiável da consciência.

"O EEG não se correlaciona necessariamente com o comportamento. Estamos levantando mais perguntas e pedindo que as pessoas sejam mais cautelosas ao interpretar dados de EEG," afirmou o Dr. Dinesh Pal, professor de anestesiologia na Universidade de Michigan (EUA).

Inconsciência

Sob anestesia, um EEG apresentará uma espécie de "assinatura de inconsciência": redução na conectividade cerebral; aumento das ondas lentas, que também estão associadas ao sono profundo, estado vegetativo e coma; e menos complexidade ou menos alterações na atividade cerebral ao longo do tempo.

O Dr. Pal e sua equipe queriam ver o que acontece com essas medidas quando um cérebro é despertado sob anestesia. Para isso, eles visaram uma área do cérebro chamada córtex pré-frontal medial, que desempenha um papel importante na atenção, no autoprocessamento e na coordenação da consciência.

Usando naquela parte do cérebro uma droga que imita a atividade do neurotransmissor acetilcolina, a equipe conseguiu despertar alguns animais de laboratório para que eles conseguissem se movimentar, apesar do fato de estarem recebendo anestesia contínua. O uso da mesma droga na parte de trás do cérebro não despertou os ratos. Assim, ambos os grupos de animais tinham o cérebro anestesiado, mas apenas um grupo "acordou".

"Pegamos os dados do EEG e analisamos os fatores que foram considerados correlatos da vigília. Concluímos que, se os animais estavam acordando, mesmo expostos à anestesia, então esses fatores também deveriam voltar. No entanto, apesar do comportamento de vigília, os EEGs foram os mesmos nos ratos em movimento e nos ratos anestesiados não em movimento," contou Pal.

Mente e cérebro

Este estudo levanta questões intrigantes sobre como a consciência é refletida no cérebro, reconhece o pesquisador.

Mas, deixando de lado questões filosóficas, como a validade do pressuposto científico de que a mente tem sede no cérebro, a equipe prefere se concentrar no que os resultados de seus experimentos significam para a capacidade do EEG de medir a consciência.

"O EEG provavelmente tem valor em nos ajudar a entender se os pacientes estão inconscientes. Por exemplo, um EEG suprimido sugere uma probabilidade muito alta de inconsciência durante a anestesia geral. No entanto, o uso de altas doses de anestésico para suprimir o EEG pode ter outras consequências, como baixa pressão arterial, que queremos evitar. Portanto, teremos que continuar a ser criteriosos na avaliação dos muitos índices disponíveis, incluindo diretrizes de dosagem farmacológica, atividade cerebral e atividade cardiovascular," disse o professor George Mashour, coordenador da equipe.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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