10/03/2011

Cientistas contestam teoria dos elos perdidos na evolução

Redação do Diário da Saúde

Unanimidade confusa

Poucas teorias científicas alcançaram um sucesso tão grande quanto a teoria da evolução - você não encontrará muitos cientistas dispostos a contestá-la.

Mas o entendimento parece parar por aí: as diferenças e a quantidade de interpretações da teoria de Darwin podem ser avaliadas pela quantidade de livros que são lançados sobre o tema a cada ano.

Agora, porém, um grupo de pesquisadores canadenses resolveu desafiar um elemento mais significativo da teoria evolutiva.

Não existe elo perdido

Segundo Hervé Philippe e seus colegas da Universidade de Montreal, a evolução não é uma marcha contínua rumo a seres cada vez mais sofisticados - os seres podem evoluir se tornando mais simples, inclusive perdendo funcionalidades já adquiridas.

Desta forma, segundo eles, não faz qualquer sentido procurar por elos perdidos.

Gerações e mais gerações de cientistas investiram suas carreiras, por exemplo, na busca de um elo perdido entre o ser humano e os demais primatas - seres necessariamente "mais simples" do que os humanos.

"Aristóteles foi o primeiro a classificar os organismos - do menos para o mais sofisticado. A teoria da evolução de Darwin manteve essa ideia, inserindo o conceito de hierarquia na evolução.

"Essa forma de pensar tem levado pesquisadores e céticos a procurar por ancestrais menos sofisticados a fim de provar ou negar a evolução," explica Philippe.

"O que nós sabemos é que a evolução não acontece em uma única direção - quando as pessoas falam sobre um elo perdido, elas estão geralmente excluindo a possibilidade de ancestrais mais sofisticados," avalia o pesquisador.

Evolução simplificadora

Contudo, em experimentos com vermes marinhos, ele e sua equipe demonstraram que os descendentes podem "evoluir por meio de simplificações", algo como "involuir funcionalmente".

Eles afirmam ter demonstrado que a posição dos vermes Xenoturbellida e Acoelomorpha na base do grupo de animais com simetria bilateral - que inclui insetos, moluscos e vertebrados - é imprecisa.

"Em vez disso, nós determinamos que os vermes Xenoturbellida e Acoelomorpha são parentes próximos dos complexos deuterostomos, uma grande linhagem que inclui ouriços, tubarões e humanos.

"Nós os colocamos intencionalmente naquela [outra] ordem porque eles parecem estranhos, o que demonstra nossa tendência a sempre colocar os organismos em ordem de complexidade," explica Philippe.

Essa nova classificação significa que os vermes evoluíram de um ancestral mais sofisticado, por meio de grandes simplificações.

"Nós já sabíamos que a maioria dos organismos parasitas evoluiu para serem menos sofisticados do que seus ancestrais - eles perderam certas capacidades de que não precisavam mais. Os Xenoturbellida e Acoelomorpha, que vivem independentemente, não se enquadram nessa categoria," diz o pesquisador.

Os resultados foram publicados na revista Nature.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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