09/08/2018

Emoções que vemos nos outros dependem de nossa definição dessas emoções

Redação do Diário da Saúde
Emoções que vemos nos outros dependem de nossas crenças sobre essas emoções
Os quadros usados no experimento forçavam bastante as emoções - mesmo assim as pessoas viam pares delas como semelhantes, dependendo de seus conceitos prévios. [Imagem: Jonathan Freeman]

Lendo emoções

Sentir as emoções do outro parece ser mais complicado e pessoal do que parece.

De fato, o modo como vemos as emoções no rosto de outra pessoa depende da nossa visão prévia, de como entendemos e conceituamos essas emoções.

"Perceber as expressões faciais de outras pessoas frequentemente dá a entender que as estamos lendo diretamente de um rosto, mas essas percepções visuais podem diferir entre as pessoas dependendo das crenças conceituais únicas que trazemos para a mesa. Nossos resultados sugerem que as pessoas variam nas pistas faciais específicas que elas usam para perceber expressões faciais de emoção," afirmam Jeffrey Brooks e Jonathan Freeman, da Universidade de Nova York (EUA).

Conceitos de emoção

Os dois psicólogos realizaram uma série de experimentos nos quais os voluntários eram questionados sobre suas conceituações de diferentes emoções.

Isso foi usado para estimar quão intimamente relacionadas diferentes emoções estavam na mente de cada voluntário. Por exemplo, algumas pessoas pensam que raiva e tristeza são emoções mais semelhantes porque associam conceitualmente essas duas emoções a ações como chorar e bater com o punho em uma mesa; outras pessoas pensam que são emoções completamente diferentes porque associam as duas emoções com ações diferentes.

Foram avaliadas as associações e similaridades entre diferentes pares das seguintes emoções: raiva, nojo, felicidade, alegria, medo, tristeza e surpresa. Essas seis emoções têm sido consideradas pelos cientistas como sendo universais em todas as culturas e até mesmo geneticamente programadas nos humanos.

Freeman e Brooks começaram então a testar se as diferentes maneiras pelas quais os voluntários conceituavam mentalmente as seis emoções poderiam distorcer como eles percebiam visualmente essas emoções nos rostos dos outros.

No geral, os experimentos mostraram que, quando as pessoas acreditam que quaisquer duas emoções são conceitualmente semelhantes, os rostos que elas veem nas duas categorias de emoções são percebidos como similares.

Especificamente, quando os voluntários acreditavam que quaisquer duas emoções, como raiva e nojo, eram conceitualmente mais semelhantes, elas indicavam simultaneamente que estavam vendo tanto raiva quanto nojo ao ver uma daquelas expressões faciais - mesmo que presumivelmente cada expressão apenas representasse uma única emoção de cada vez. De fato, eles argumentavam que os dois rostos eram fisicamente muito semelhantes.

Vendo o que está em nossa mente

"Os resultados sugerem que a forma como percebemos as expressões faciais pode não apenas refletir o que está no próprio rosto [que observamos], mas também a nossa própria compreensão conceitual do que a emoção significa," disse Freeman.

"Para qualquer par de emoções, como medo e raiva, quanto mais um sujeito acredita que essas emoções são mais semelhantes, mais essas duas emoções se assemelham visualmente na face de uma pessoa. Os resultados sugerem que todos nós podemos diferir um pouco nas pistas faciais que usamos para entender as emoções dos outros, porque elas dependem de como entendemos conceitualmente essas emoções," acrescentou.

Os autores observam que os resultados contrastam com as teorias científicas clássicas de emoção, que assumem que cada emoção tem sua própria expressão facial específica que os humanos reconhecem universalmente.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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