01/12/2021

Epigenética: Defesa imunológica passa dos pais para os filhos

Redação do Diário da Saúde

Defesa imunológica herdada

Seja por meio de uma infecção real ou por uma infecção simulada - uma vacina - nosso corpo aprende a lidar com novos patógenos e a se defender deles, por meio de uma espécie de "memória imunológica".

Agora, cientistas descobriram uma resposta imunológica aprimorada sendo transmitida aos descendentes, ou seja, a imunização afeta positivamente a saúde das gerações subsequentes.

A equipe sujeitou uma série de camundongos a uma infecção por fungos - a própria infecção ou com os animais sendo estimulados com compostos fúngicos -, esperou que esses animais se recuperassem, e então os colocaram para se reproduzir.

O resultado foi que sua proteção aprimorada foi transmitida para seus filhotes ao longo de várias gerações, relatam os pesquisadores das universidades Radboud (Holanda), Bonn e Saarland (Alemanha), Lausanne (Suíça) e Atenas (Grécia).

Esta é mais uma prova de que não é apenas o que está escrito na sequência de DNA que é passado adiante para os descendentes e herdado por estes - este é o campo da florescente epigenética, que mostra que nós herdamos muito mais do que genes.

Vários estudos científicos têm mostrado que as influências ambientais também são passadas para a próxima geração. Por exemplo, crianças que cresceram no útero durante a fome no inverno de 1944/45 na Europa apresentaram mudanças típicas em seu metabolismo como uma adaptação à escassez de alimentos durante o desenvolvimento, e isso está associado a um maior risco de diabetes e obesidade.

Herança epigenética

Mas como funciona essa transmissão de imunização para as gerações subsequentes?

A equipe começou sua busca por respostas observando as células imunológicas típicas, como monócitos ou neutrófilos: Nenhuma diferença foi detectada entre a prole de camundongos infectados com Candida e o grupo de controle não infectado.

No entanto, na prole dos pais de camundongos previamente infectados, o complexo MHC de classe II foi regulado positivamente, o que ativa partes do sistema imunológico.

Além disso, a atividade dos genes envolvidos na inflamação também foi regulada positivamente na prole de camundongos infectados com Candida. Na prole de pais previamente infectados com fungos conhecidos como "sapinhos", os genes associados à inflamação eram mais fáceis de ler em monócitos progenitores do que em filhos de pais não infectados.

"Isso mostra que os precursores de monócitos são epigeneticamente reconectados se os pais já tiverem sido infectados por Candida albicans," resumiu o pesquisador Andreas Schlitzer.

De fato, as mudanças na atividade dos genes tornaram-se detectáveis já no esperma. Mas a equipe afirma que o modo como as informações sobre as marcações do espermatozoide chegam à medula óssea, local de nascimento de muitas células do sistema imunológico, ainda precisa ser explorado em novos estudos.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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