06/09/2018

Evidências de que radiações eletromagnéticas afetam a saúde são incontestáveis, diz pesquisadora

Redação do Diário da Saúde
Evidências de que radiações eletromagnéticas afetam a saúde são incontestáveis, diz pesquisadora
Beatrice Golomb afirma que as agências governamentais dos EUA vêm negando os danos à saúde das emissões de radiofrequência com base em estudos financiados pela indústria ou com outros conflitos de interesse.[Imagem: UCSD]

Doença misteriosa dos diplomatas

Recentemente chegaram à imprensa os relatos e sintomas de uma "doença misteriosa" que afligiu diplomatas norte-americanos e canadenses.

Os sintomas combinam fortemente com efeitos conhecidos da radiação eletromagnética pulsada e de micro-ondas, concluiu a equipe da professora Beatrice Golomb, da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, em um artigo publicado na revista científica Neural Computation.

Golomb afirma que as conclusões poderão ajudar no tratamento dos diplomatas e membros das suas famílias, mas, mais amplamente, chama a atenção para uma parte da população que é de fato afetada pela radiação eletromagnética, um fato que vem sendo apregoado como "mito" por muitos cientistas e especialistas ouvidos pela mídia.

"Eu olhei para o que é conhecido sobre radiações eletromagnéticas e de micro-ondas em relação às experiências dos diplomatas. Tudo bate. Os detalhes dos sons variados que os diplomatas relataram ouvir durante os episódios aparentemente ensejadores [das ocorrências], tais como chilrear, sinos e zumbido, batem nos detalhes com propriedades conhecidas da chamada 'audição de micro-ondas', também conhecida como o efeito de Frey," disse Golomb.

Os pesquisadores também compararam os sintomas descritos pelos diplomatas e suas famílias com um estudo publicado em 2012 sobre sintomas relatados por pessoas afetadas pela radiação eletromagnética no Japão. No geral, os sintomas citados - dor de cabeça, problemas cognitivos, problemas de sono, irritabilidade, nervosismo ou ansiedade, tontura e zumbido nos ouvidos - ocorreram em taxas surpreendentemente semelhantes nos dois casos.

"E os sintomas que surgiram se encaixam, incluindo a predominância de problemas de sono, dores de cabeça e problemas cognitivos, bem como a proeminência distinta de sintomas auditivos. Mesmo resultados objetivos relatados em imagens cerebrais se encaixam com o que foi relatado para pessoas afetadas por radiação de radiofrequência pulsada e de micro-ondas," disse Golomb.

Saúde e radiação eletromagnética

As consequências para a saúde da exposição às radiofrequências ainda estão em debate entre os especialistas. Algumas agências governamentais, como o Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental e o Instituto Nacional do Câncer, dos EUA, sustentam publicamente que as radiações não ionizantes de baixa a média frequência, como as de micro-ondas e radiofrequências, "são geralmente inofensivas", citando estudos que não encontraram ligação conclusiva entre exposição e dano.

Golomb observa que muitos dos estudos citados pelas agências norte-americanas foram financiados por indústrias ligadas às emissões ou tiveram outros conflitos de interesse. Ela afirma que estudos independentes, ao longo de décadas, têm relatado efeitos biológicos e danos à saúde causados por radiação não ionizante, especificamente as radiofrequências pulsadas e as micro-ondas, inclusive por estresse oxidativo e mecanismos daí derivados, como inflamação, ativação autoimune e lesão mitocondrial.

Já a Agência Nacional de Segurança Sanitária (ANSES) da França, em comunicado mais restrito à telefonia celular, reconhece que celulares causam "efeitos biológicos" e a exposição deve ser controlada. A própria Organização Mundial da Saúde já admitiu que os telefones celulares podem causar câncer cerebral.

Golomb comparou a situação atual das pessoas com sensibilidade eletromagnética à de pessoas com alergia a amendoim: a maioria das pessoas não experimenta nenhum efeito adverso ao comer amendoim, mas, para um subgrupo vulnerável, a exposição produz consequências negativas, até mesmo com risco de vida.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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