17/12/2020

Exames de laboratório não explicam paradoxo da obesidade

Redação do Diário da Saúde
Exames de laboratório não explicam paradoxo da obesidade
Tudo indica que os obesos terão mais problemas de saúde, mas eles se saem melhor que os magros quando realmente têm. [Imagem: Mohamed Hassan/Pixabay]

Paradoxo da Obesidade

Os exames de laboratório realizados em pacientes ambulatoriais adultos, geralmente usados em consultas de rotina ou de revisão para fornecer um quadro geral de saúde, são muito consistentes entre as pessoas com obesidade e as pessoas mais magras.

Isso nega uma justificativa que os cientistas vinham usando para explicar o que tem sido chamado de "Paradoxo da Obesidade".

O paradoxo da obesidade se refere ao fato de que pessoas com obesidade são apontadas como tendo risco aumentado de uma série de problemas de saúde, como diabetes e hipertensão, mas tendem a se sair melhor com essas condições do que seus pares mais magros.

E isso se repete mesmo quando as pessoas obesas são internadas em UTIs por episódios graves, como ataque cardíaco ou derrame.

"Pessoas que têm obesidade também têm mais hipertensão, têm mais diabetes, têm mais eventos cerebrovasculares como derrame e mais ataques cardíacos. Mas, quando têm esses problemas, tendem a se sair melhor do que quando pessoas magras os têm," resume o Dr. Gurmukh Singh, da Universidade Augusta (EUA).

"Acreditamos que talvez os testes de laboratório ajudassem a fornecer uma explicação," diz Singh. "Mas eles não fornecem."

Diferenças entre pacientes

Na verdade, os pesquisadores descobriram que os únicos valores laboratoriais significativamente diferentes entre os pacientes ambulatoriais com obesidade e os de peso normal são que as pessoas com obesidade não complicada apresentam níveis consistentemente mais altos de triglicérides, uma gordura ou lipídio no sangue, o que indica risco para o coração e outras doenças dos vasos sanguíneos, e níveis mais baixos de lipoproteína de alta densidade, ou HDL, o colesterol que é considerado protetor de doenças cardiovasculares.

HDL baixo e triglicerídeos altos estão ambos ligados a um maior risco de morte por doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco, insuficiência cardíaca e derrame - mas os pacientes com obesidade não morrem mais por eles, como seria de se presumir.

Hipóteses descartadas

Embora o que as descobertas significam não esteja completamente claro, alguns médicos e cientistas já haviam levantado uma hipótese: A de que, independentemente dos resultados dos exames de laboratório, os pacientes com obesidade estariam sendo enviados para a terapia intensiva mais cedo, talvez por causa de um viés inconsciente dos médicos.

Em outras palavras: esses pacientes pareceriam mais doentes mais rápido, receberiam tratamento intensivo mais rápido e, por isso, seus resultados seriam melhores.

No entanto, os resultados são inconsistentes com essa hipótese e "efetivamente descartam essa explicação do paradoxo da obesidade", escreveram os pesquisadores.

Outras teorias são que as pessoas com obesidade teriam maior reserva de gordura para sobreviver a doenças críticas e que alguns de seus colegas mais magros perdem muito peso por causa da doença, ficando então mal incapazes de ficar em pé, e não apenas magros.

Mas os resultados resistem também a essa hipótese, uma vez que os pesquisadores excluíram indivíduos que tiveram perda ou ganho de peso superior a 10% nos três meses anteriores, excluindo esses casos extremos.

A conclusão é que o que resta a fazer para tentar explicar o paradoxo da obesidade é algo difícil de implementar: "Cegar" os profissionais de saúde para o peso do paciente durante um ensaio clínico, de modo que apenas outros parâmetros de saúde, como valores laboratoriais objetivos, sejam usados para determinar quem é admitido na terapia intensiva e quando, disse Singh.

Como é muito difícil implementar um estudo nessas condições, a equipe acredita que o paradoxo da obesidade continuará sem explicações por bastante tempo.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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