02/08/2016

Falha de software invalida milhares de estudos sobre o cérebro

Com informações da New Scientist

Erros ressonantes

É mais um duro golpe para a neurociência: falhas graves no software dos equipamentos de ressonância magnética tornam inválidos ou questionáveis os resultados de milhares de estudos científicos já publicados sobre o cérebro.

A ressonância magnética funcional (fMRI) é uma técnica largamente utilizada para mapear o cérebro em experimentos de neurociências e psicologia. Para interpretar os dados produzidos pelo exame, os cientistas usam uma técnica chamada autocorrelação espacial, para identificar áreas do cérebro que parecem se "iluminar" durante determinadas tarefas ou experiências, por exemplo.

Tudo ia bem, até que Anders Eklund e Hans Knutsson (Universidade de Linkoping - Suécia) e Thomas Nichols (Universidade de Warwick - Reino Unido) descobriram que os softwares de análise de dados mais utilizados pelos equipamentos de fMRI - SPM, FSL e Afni - possuem falhas graves que resultam em erros de interpretação em 50% dos casos, ou até mais, dependendo das circunstâncias.

Erros científicos e erros de cientistas

A maioria dos métodos estatísticos usados pelos aparelhos de fMRI foram desenvolvidos e avaliados usando dados simulados. A equipe, contudo, usou informações reais do cérebro disponíveis por um projeto de colaboração aberta chamado 1000 Funcional Connectomes.

Os dados reais permitiram confirmar que a fMRI realmente produz falsos positivos a uma taxa alarmante - pior do que o mero acaso.

Embora o erro de software já tenha sido corrigido - por um alerta emitido pelos próprios pesquisadores - milhares de estudos científicos continuam passíveis de serem invalidados.

Quando a equipe analisou 241 artigos científicos recentes - após a alteração do software - eles constataram que os cientistas responsáveis por 40% desses artigos nem sequer usaram as funções dos programas para aplicar correções nos dados.

Isto significa que uma grande proporção de estudos recentes provavelmente contém os mesmos tipos de erros detectados pela equipe, e novos erros continuarão a ser cometidos, uma vez que os cientistas não usam as funções de correção disponibilizadas pelos programas.

Os resultados foram publicados na revista científica PNAS.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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