22/11/2010
Fiocruz desenvolve novo princípio ativo para combater a malária
Redação do Diário da Saúde
Os círculos marrons representam hemácias, as que apresentam pequenos pontos vermelhos estão infectadas com o Plasmodium vivax.[Imagem: Fiocruz]
Sal híbrido
O Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz (Farmanguinhos/Fiocruz) está desenvolvendo um produto inovador para combater a malária.
O sal híbrido Mefas é um insumo farmacêutico ativo (IFA) resultante da combinação de duas substâncias: artesunato e mefloquina.
O novo fármaco representa uma evolução no tratamento da doença que mais mata no mundo. O estudo tem a colaboração do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas).
Sem efeitos colaterais
Atualmente, a Farmanguinhos produz o ASMQ, formulação em dose fixa combinada de artesunato e mefloquina, medicamento mais indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o tratamento da malária.
Apesar da comprovada eficácia do medicamento, o paciente não está livre de efeitos colaterais.
Para aliviar esses possíveis desconfortos, pesquisadores da área de síntese orgânica do Instituto, liderados pela pesquisadora Núbia Boechat, trabalham no novo sal híbrido.
Estudos têm mostrado que o Mefas é mais eficaz contra a malária do que os medicamentos artesunato e mefloquina, tanto usados separadamente quanto sob a forma do ASMQ.
Além disso, segundo Núbia, o Mefas causa menos efeitos colaterais, pois o sal híbrido não apresentou toxicidade mesmo quando utilizado em dose 100 vezes superior à necessária.
Biodisponibilidade
Outra vantagem é que o Mefas consegue curar a malária com metade da dose do ASMQ, de acordo com testes feitos em animais.
"Espera-se também que haja uma redução no custo de desenvolvimento e produção do medicamento, tendo em vista que as dificuldades técnicas poderão ser minimizadas pela utilização de apenas um IFA, o que não ocorre no ASMQ, no qual são utilizados dois IFAs", explica a coordenadora.
Já começou a ser realizado o estudo comparativo da biodisponibilidade, teste que avalia o grau de absorção da substância pelo organismo e, consequentemente, sua disponibilidade no local de ação.
Segundo Núbia, a meta agora é encontrar um parceiro - empresa farmacêutica ou entidade financiadora internacional - que viabilize a realização dos estudos finais para se chegar ao produto registrado.
Após essa etapa, o fármaco será disponibilizado à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e a outros países endêmicos, tal como se faz com o ASMQ.
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
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