13/01/2010
Forma rara de vitamina E protege cérebro após derrame
Agência Fapesp
Estudo revela que uma forma natural de vitamina E, comum nas dietas de países no Sudeste Asiático, é capaz de proteger o cérebro após um acidente vascular cerebral. [Imagem: Ag.Fapesp]
Proteção pós-derrame
Bloquear a função de uma enzima-chave no cérebro com uma forma específica de vitamina E pode prevenir a morte de neurônios após um acidente vascular cerebral (AVC, também conhecido como derrame), indica uma nova pesquisa.
Um grupo de cientistas nos Estados Unidos, em estudo com células cerebrais de camundongos, descobriu que o tipo de vitamina E conhecido como tocotrienol bloqueou a liberação de ácidos graxos pela enzima, responsáveis pela morte de neurônios.
Forma especial de vitamina E
Coordenado por Chandan Sen, da Universidade do Estado de Ohio, o grupo tem estudado há uma década como essa forma particular e menos comum de vitamina E pode proteger o cérebro em modelos celulares e animais.
"Nosso trabalho indica que as diferentes formas naturais de vitamina E têm funções distintas. O pouco estudado tocotrienol é capaz de se direcionar a caminhos específicos de modo a evitar a morte de neurônios e proteger o cérebro após um AVC. Identificamos um novo alvo para o tocotrienol que explica como as células nervosas são protegidas", disse Sen.
A vitamina E ocorre naturalmente em oito formas diferentes. A mais conhecida pertence a uma variedade chamada tocoferol. O tocotrienol (ou TCT) não é abundante na dieta norte-americana nem na brasileira, mas pode ser encontrada na forma de suplemento. No Sudeste Asiático é comum, extraído do óleo de palma, da cevada ou do arroz.
Ativando o cérebro
Sen e seus colegas administraram tocotrienol a células que já tinham sido expostas a glutamato (um tipo de aminoácido) em excesso. A presença da vitamina diminuiu a liberação de ácidos graxos em 60% em comparação a células expostas apenas ao glutamato.
Os pesquisadores relacionaram os efeitos do tocotrienol a várias substâncias que são ativadas no cérebro após um AVC e concluíram que uma enzima específica poderia servir como um alvo terapêutico importante. A enzima é conhecida como cPLA2.
Em seguida ao trauma causado pela interrupção do fluxo sanguíneo associado com um AVC, uma quantidade excessiva de glutamato é liberada no cérebro. O glutamato é um neurotransmissor que, em pequenas quantidades, tem papel importante no aprendizado e na memória. Mas seu excesso desencadeia uma sequência de reações que leva à morte de neurônios, o mesmo efeito devastador de um AVC.
Vitamina em pequena quantidade
Apesar de a cPLA2 existir naturalmente no organismo, tanto de camundongos como do homem, os cientistas verificaram que o bloqueio de sua função não é danoso. Camundongos geneticamente modificados de modo a não ativar a enzima tiveram expectativa de vida semelhante à de outras cobaias, mas com menor risco de ter AVC.
Os pesquisadores também destacam que a quantidade de tocotrienol necessária para atingir os efeitos desejados é pequena, cerca de dez vezes menos do que a quantia comumente encontrada em humanos que consomem regularmente esse tipo de vitamina E.
O novo estudo, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) do governo norte-americano, foi publicado na edição on-line e sairá em breve na edição impressa do periódico Journal of Neurochemistry.
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
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