05/04/2019

Higiene excessiva promove resistência a antibióticos?

Redação do Diário da Saúde
Higiene excessiva promove resistência a antibióticos?
A unidade de terapia intensiva do Hospital Universitário de Graz foi um dos locais estudados pela equipe.[Imagem: Medical University of Graz]

Microbioma e resistoma

Pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Graz (Áustria) descobriram uma abordagem intrigante para minimizar a propagação da resistência a antibióticos em hospitais.

Gabriele Berg e seus colegas estudaram o controle microbiano - o grau de limpeza e as medidas de higiene - e como isso influencia o desenvolvimento da resistência das bactérias aos antibióticos.

Para isso, eles compararam o microbioma e o resistoma, ou seja, todos os microrganismos existentes e as resistências a antibióticos, em dois ambientes críticos: UTIs (unidades de terapia intensiva) do hospital universitário e em salas limpas sujeitas a forte controle microbiano na indústria aeroespacial. Como comparativo, foram analisados edifícios públicos e privados, nos quais praticamente não existem controles microbianos.

A equipe descobriu que a diversidade bacteriana diminui em áreas com altos níveis de higiene, mas a diversidade de resistências aumenta. Em outras palavras, a aparentemente "excessiva" higiene dos ambientes controlados acaba promovendo a resistência aos antibióticos.

"Em ambientes com forte controle microbiano, na unidade de terapia intensiva e em salas limpas usadas industrialmente, há crescentes resistências aos antibióticos que mostram um alto potencial de combinação com patógenos," explicou o professor Alexander Mahnert.

Diversidade bacteriana contra resistência

Os resultados indicam que uma diversidade microbiana estável em áreas clínicas se contrapõe à disseminação de cepas resistentes aos antibióticos.

A aeração regular, o cultivo de plantas, o uso deliberado de microrganismos úteis e a redução de agentes de limpeza antibacterianos podem ser as primeiras estratégias para manter ou melhorar essa diversidade microbiana e minimizar o desenvolvimento de cepas resistentes aos antibióticos, dizem os pesquisadores.

Com base em seus resultados, a equipe planeja agora desenvolver e implementar soluções biotecnológicas para dispor de uma diversidade microbiana feita sob medida para os ambientes hospitalares.

"O controle microbiano de patógenos já está sendo usado com sucesso em plantas cultivadas e também em seres humanos no âmbito do transplante de fezes. Nosso estudo fornece uma base inicial para perseguir tais ideias em áreas internas no futuro," disse Berg.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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