Imagem de alta resolução revela segredos do vírus da febre amarela

Caracterização estrutural e antigênica do vírus da febre amarela.[Imagem: Summa Bibby et al. - 10.1038/s41467-025-63038-5]

Foto do vírus da febre amarela

Pesquisadores capturaram as primeiras imagens de alta resolução do vírus da febre amarela, uma doença viral que afeta o fígado, transmitida por mosquitos, e potencialmente fatal.

Apesar de décadas de pesquisa sobre a febre amarela, esta é a primeira vez que uma estrutura 3D completa de uma partícula viral da febre amarela totalmente madura foi registrada com resolução quase atômica.

As novas imagens revelaram diferenças estruturais até agora desconhecidas entre a cepa vacinal (YFV-17D) e as cepas virulentas e causadoras da doença.

"Utilizando a plataforma bem estabelecida do vírus Binjari, combinamos os genes estruturais da febre amarela com a estrutura do vírus Binjari inofensivo, e produzimos partículas virais que puderam ser examinadas com segurança em um microscópio crioeletrônico," disse Summa Bibby, da Universidade de Queensland (Austrália). "As partículas da cepa vacinal têm uma camada superficial lisa e estável, enquanto as partículas da cepa virulenta têm superfícies irregulares e com relevo."

Essas diferenças alteram o modo como o sistema imunológico do corpo humano reconhece o vírus.

"A superfície irregular e rugosa das cepas virulentas expõe partes do vírus que normalmente ficam escondidas, permitindo que certos anticorpos se liguem com mais facilidade," disse o Dr. Bibby. "As partículas lisas da vacina mantêm essas regiões cobertas, dificultando o acesso de anticorpos específicos."

"As descobertas podem orientar o desenvolvimento futuro de vacinas até mesmo para vírus relacionados, como dengue, zika e febre do Nilo Ocidental."
[Imagem: Summa Bibby et al. - 10.1038/s41467-025-63038-5]

Febre amarela e outras febres

A febre amarela é um grande problema de saúde pública na América do Sul e na África. Sem tratamentos antivirais disponíveis, a vacinação é o principal meio de prevenção.

Estes novos dados sobre o vírus trazem informações cruciais sobre a biologia da febre amarela, abrindo caminho para o aprimoramento do desenvolvimento das vacinas e, eventualmente, para novas estratégias antivirais para este e outros ortoflavivírus.

"A vacina contra a febre amarela continua eficaz contra as cepas modernas, e observar o vírus com tantos detalhes nos permite entender melhor por que a cepa vacinal se comporta da maneira que se comporta," disse o professor Daniel Watterson. "Agora podemos identificar as características estruturais que tornam a vacina atual segura e eficaz. As descobertas podem até mesmo orientar o desenvolvimento futuro de vacinas para vírus relacionados, como dengue, zika e febre do Nilo Ocidental."

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