05/11/2021

Injeções de vírus zika interrompem câncer cerebral em cobaias

Com informações da Agência Fapesp
Injeções de vírus zika interrompem câncer cerebral em cobaias
À esquerda, a borda de um tumor-controle (não tratado) e, à direita, a borda de um tumor que recebeu o tratamento com o vírus zika. Em verde a marcação de morte celular e, em vermelho, a marcação do vírus. Além do aumento de morte na região, vemos que a borda do tumor tratado com o zika está desorganizada, enquanto a do controle (à esquerda) está organizada e bem delimitada.[Imagem: Raiane Oliveira Ferreira et al. - 10.3390/v13102103]

Zika contra o câncer

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) deram mais um passo em sua pesquisa para o desenvolvimento de uma terapia que usa o vírus zika para combater tumores no sistema nervoso central.

A equipe agora demonstrou que a aplicação de três injeções com vírus zika em camundongos com tumores no cérebro interrompe a progressão do câncer sem provocar lesões neurológicas ou em outros órgãos, aumentando a sobrevida dos animais.

Os cientistas também injetaram o zika em um órgão semelhante ao cérebro humano criado in vitro com células-tronco - conhecidos como organoides cerebrais ou minicérebros - e detectaram que o vírus impediu a progressão do tumor, chegando a reduzi-lo.

Nos dois modelos - em animais e in vitro -, após o tratamento as citocinas (proteínas que regulam a resposta imunológica) suprimiram a progressão do tumor e houve aumento da migração de células de defesa para o cérebro afetado pelo câncer, acordando o sistema imunológico para a existência do tumor.

"Um dos pontos importantes, e que confirma pesquisas anteriores, foi o recrutamento do sistema imune, dando uma boa resposta à terapia. As duas vias de ação do vírus são muito importantes, pois podem permitir que ele atue em um número maior de tumores do que achávamos inicialmente," disse a professora Mayana Zatz.

Viroterapia

Os resultados desta etapa confirmaram a eficácia e a segurança do tratamento com zika nos modelos, abrindo perspectivas para o uso da viroterapia em tumores do sistema nervoso central.

A equipe já iniciou uma nova fase do estudo, agora com o recrutamento de cães acometidos por tumores cerebrais. A proposta é trabalhar com animais de raças e tamanhos diferentes.

"Os cães são modelos extremamente importantes antes de pensarmos em testar em pacientes, pois têm tumores muito semelhantes aos seres humanos e sistema imunológico preservado. Será possível analisar tumores diferentes," disse Mayana.

No Brasil, foram registrados no ano passado cerca de 11 mil novos casos da doença, sendo aproximadamente 5.200 em mulheres, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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