14/06/2021

Já nascemos dando importância a superpoderes?

Redação do Diário da Saúde
Já nascemos dando importância a superpoderes?
Os bebês reagem de forma diferente aos personagens comuns e àqueles dotados de superpoderes. [Imagem: Xianwei Meng]

Superpoderes

De xamãs e místicos a líderes de seitas e reis tidos como divinos, as pessoas ao longo da história têm concedido um status elevado a pessoas que elas acreditavam possuir poderes sobrenaturais.

Os cientistas consideram que essa tendência de atribuir dominância social a esses indivíduos vem do berço, estando enraizada desde os primeiros anos do nosso desenvolvimento.

Para avaliar essa hipótese, pesquisadores do Japão e do Reino Unido colocaram 48 crianças, de 12 a 16 meses de idade, para assistirem uma série de vídeos animados em que dois personagens competiam por uma recompensa.

Em cada cenário, um personagem apresentava métodos fisicamente contraintuitivos de fazer progresso na tela - voando ou se teletransportando na direção da recompensa; o outro movia-se de forma mais intuitiva em caminhos contínuos junto ao solo, sem nenhum poder especial.

As crianças tipicamente achavam os eventos inesperados (eles olhavam para a tela por mais tempo) quando o personagem que usava métodos fisicamente intuitivos de propulsão superava aquele que empregava métodos fisicamente contraintuitivos, mostrando que elas esperavam que o concorrente com superpoderes ganhasse.

Ciência do desenvolvimento

Manipulações experimentais posteriores mostraram que as expectativas dos bebês não eram simplesmente motivadas pela eficiência com que as metas eram alcançadas, mas se as capacidades sobrenaturais eram implantadas em qualquer cenário.

"Estudos em ciência do desenvolvimento mostraram que, desde o primeiro ano de vida, os bebês são sensíveis tanto à dominância social quanto a eventos que violam a compreensão intuitiva do mundo físico. Elas esperam que personagens que tenham um tamanho corporal relativamente maior, mais aliados ou que estejam localizados em uma altitude mais elevada prevaleçam em situações de conflito. Elas também esperam que os objetos caiam em direção à terra e se movam em trajetórias contínuas.

"Nossos experimentos combinaram esses paradigmas procedimentais para mostrar, pela primeira vez, que observar um evento eficientemente direcionado a um objetivo que viola os princípios intuitivos da gravidade e da continuidade aciona expectativas de dominância social," disse a pesquisadora Xianwei Meng, da Universidade de Oxford.

Outros poderes

Os pesquisadores querem agora explorar as inferências feitas por crianças com relação a outras propriedades comumente atribuídas a agentes sobrenaturais, como metamorfose, onisciência ou imortalidade.

"Uma outra questão importante, que permanece sem resposta, é se os bebês percebem essas figuras sobrenaturais não apenas como sendo socialmente dominantes, mas também mais informadas, confiáveis, competentes ou pró-sociais," disse Yo Nakawake, da Universidade de Tecnologia de Kochi (Japão).

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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