18/01/2015 Liberação do canabidiol permitirá transformar maconha em remédioCom informações da Agência BrasilBenefícios da maconha A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de reclassificar o canabidiol, passando a considerá-lo medicamento de uso controlado, e não mais como substância proibida, poderá facilitar o debate sobre os usos medicinais da maconha no Brasil. O canabidiol é uma substância presente na folha da maconha (Cannabis sativa), que é usada para tratamento de doenças neurológicas, de câncer e mal de Parkinson, entre outras enfermidades. Com a reclassificação, a expectativa é que os estudos científicos sejam ampliados, viabilizando a produção de novos medicamentos. Estudos com maconha são feitos no Brasil pelo menos desde a década de 1930. Os primeiros destacavam os chamados males da maconha, quais perigos sociais gerados por ela e também os sintomas apresentados pelos usuários. A partir de 1960, a psicofarmacologia e a psicobiologia estudaram a planta com outros vieses, reconhecendo propriedades ansiolíticas e antipsicóticas, dentre outras. No entanto, a proibição da maconha no Brasil e em diversos países dificultou o avanço das pesquisas. "Não é uma novidade que a maconha tenha poderes medicinais, mas todo embargo que foi feito sobre a ciência gerou uma represa, em escala mundial, que está vazando por todos os lados", disse Renato Malcher, neurocientista da Universidade de Brasília (UnB), que considerou a decisão uma vitória política diante de visões conservadoras. Com a reclassificação do canabidiol, outros temas devem vir à tona, segundo o pesquisador, que aponta a necessidade de liberar os demais derivados. "A pesquisa hoje é muito prejudicada pelo próprio estigma e pela dificuldade de explorar essa área mais ampla, que é poder plantar, desenvolver plantas diferentes, extrair os óleos e testar as combinações", explicou Malcher. Enfrentar a indústria farmacêutica Segundo Malcher, os defensores da ampliação dos estudos e do uso fitoterápico da planta também terão que enfrentar os interesses da indústria farmacêutica, isso porque ela confere a cada variação genética das plantas, no caso da possibilidade da cannabis ser plantada no Brasil legalmente, uma patente, o que poderá dificultar o acesso para fins científicos e aumentar os custos do produto final. Estudos que analisaram o uso medicinal do canabidiol mostraram que, em 80% dos casos relatados, apenas essa substância foi mais efetiva no tratamento de determinadas doenças do que cerca de 12 remédios que eram usados diariamente pelos participantes da pesquisa, destacou o cientista. As substâncias derivadas da maconha atuam sobre o que o pesquisador chamou de sistema de sinalização do organismo, responsável tanto pela percepção da saúde, como dor, tristeza e psicose, quanto por efeitos fisiológicos, a exemplo da inflamação. Diante da situação, o cientista acredita que a indústria terá que se adaptar ao novo cenário e que os profissionais, hoje formados para receitar remédios tradicionais, poderão vivenciar "um novo paradigma". Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |