25/07/2022

É mais fácil perdoar quando você é mais autêntico

Redação do Diário da Saúde
É mais fácil perdoar quando você está sob estresse crônico
Nós gostamos mais do perdão, mas adoramos ver punições.[Imagem: Gerd Altmann/Pixabay]

Perdão e autenticidade

A autenticidade - a capacidade de "ser você mesmo" - ajuda as pessoas a lidar com as diferentes provações da vida.

E a capacidade de perdoar - superar o sentimento de ofensa por parte da pessoa que causou dano ou circunstâncias difíceis da vida - ajuda na manutenção do bem-estar psicológico, eliminando o risco das tão perigosas ruminações.

Apesar da importância desses fenômenos para a psicologia da personalidade, praticamente ninguém até hoje estudou a correlação entre autenticidade e perdão. Agora, psicólogos russos deram um pontapé inicial nesses estudos sobre a capacidade de perdoar e sua relação com outros fenômenos positivos da personalidade, algo que eles não encontraram na literatura científica.

A proposta inicial de Sofya Bochaver e sua colega Violetta Park foi estudar como o estresse afeta a autenticidade e a capacidade de perdoar. Para estabelecer as correlações, elas entrevistaram 140 homens e mulheres de 16 a 40 anos de idade.

Os voluntários pertenciam a diferentes grupos em termos do estresse que estavam vivenciando, incluindo pessoas relativamente abastadas, outras experimentando estresse diário devido a responsabilidades rotineiras e um grupo sujeito a estresse crônico causado por um trauma grave com consequências irreversíveis (pacientes de um centro de reabilitação com lesões graves na coluna vertebral).

Capacidade de perdoar

Os resultados mostraram que pessoas com estresse crônico demonstram os mais altos níveis de autenticidade. Os voluntários relativamente abastados apresentaram resultados médios, enquanto o grupo de estresse diário retornou os níveis mais baixos de autenticidade.

E esta mesma distribuição se repetiu quanto à capacidade de perdoar, ou seja, as pessoas afetadas pelo estresse diário são menos propensas a perdoar, enquanto aquelas sujeitas a um momento particularmente difícil na vida mostraram a maior capacidade de perdão.

As psicólogas explicam a alta inclinação para perdoar entre os representantes do grupo de estresse crônico pelo efeito de "crescimento pessoal pós-traumático": Apesar enfrentarem condições de vida muito severas - essas pessoas agora dependem fisicamente de outras, suas sensações corporais normais mudaram e muitas capacidades foram perdidas - elas são mais propensas a descobrir seu verdadeiro propósito na vida e os valores mais importantes.

Essas pessoas se sentem "mais como elas mesmas" e, assim, são capazes de desconsiderar os múltiplos infortúnios e imperfeições da vida para seguir em frente, perdoando a si mesmas e, por decorrência, ficando mais abertas a perdoar os outros. Em outras palavras, a autenticidade promove o perdão.

Os representantes do grupo "relativamente abastado" adaptam-se facilmente a si mesmos e ao mundo, têm autenticidade moderada e prontidão para perdoar outras pessoas, a si mesmos e às circunstâncias que a vida lhes apresenta, tipicamente não tão sérias quanto dos demais grupos.

A menor capacidade de perdoar e o menor nível de autenticidade foram observados justamente na coorte de estresse diário. Provavelmente devido à "invisibilidade" e "pouca importância" dos problemas cotidianos, essas pessoas não têm consciência de seu estresse diário até que sua reação a ele atinja o pico. É por isso que as pessoas que acreditam que lidam bem com a pressão da rotina estão de fato exaustas e se tornam muito exigentes consigo mesmas e com os outros, dizem as psicólogas.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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