05/02/2020

O cérebro também tem um lugar para as emoções

Agostinho Rosa
O cérebro também tem um lugar para as emoções
Os resultados revelaram a existência de um mapeamento "emocionalotópico" na região temporoparietal direita, associado à experiência emocional subjetiva complexa e multifacetada suscitada pelo filme Forrest Gump.[Imagem: Luca Cecchetti/IMT School for Advanced Studies Lucca]

Emoções versus cognição

Os pensamentos ficam no cérebro e as emoções no coração, certo?

Essa descrição popular não tem apenas um sentido poético. De fato, historicamente os cientistas têm considerado as emoções como uma faculdade humana "separada", bem distinta da cognição.

Mas esse ponto de vista tem sido contestado por vários estudos que mostram o quanto a resposta afetiva pode influenciar processos cognitivos, como a tomada de decisão e a memória.

A professora Giada Lettieri, na Escola de Estudos Avançados de Lucca (Itália), foi mais a fundo na questão, e afirma que todo o conjunto de nossas emoções pode ser representado topograficamente em uma pequena região do cérebro, uma área de 3 centímetros do córtex.

Onde as emoções ficam no cérebro

Para investigar como o cérebro processa o componente básico distinto dos estados emocionais, os pesquisadores pediram a um grupo de 15 voluntários que expressassem, definissem e classificassem suas emoções enquanto assistiam ao icônico filme Forrest Gump. Durante toda a duração do filme, os 15 voluntários relataram cena por cena seus sentimentos e suas respectivas forças em uma escala de 1 a 100.

As respostas foram comparadas às de outras 15 pessoas que assistiram ao mesmo filme durante um estudo de ressonância magnética funcional (fMRI), realizado na Alemanha.

A correspondência entre as características funcionais e o arranjo espacial relativo de partes distintas do córtex foi então usada para testar a topografia dos estados afetivos.

O resultado é o que os pesquisadores chamam de "mapa das emoções no cérebro", que mostra que a ativação das regiões temporoparietais do cérebro está associada aos estados afetivos que sentimos em um momento exato, o que permite traçar um mapa da nossa experiência emocional.

Emocionotopia

A análise mostra que a polaridade, a complexidade e a intensidade das experiências emocionais são representadas por transições suaves em regiões temporoparietais do lado direito do cérebro. O arranjo espacial permite ao cérebro mapear uma variedade de estados afetivos dentro de uma mesma pequena parte do córtex.

Em resumo, a junção temporoparietal correta pode representar topograficamente a variedade dos estados afetivos que experimentamos: quais emoções sentimos em um momento específico e o quanto as percebemos.

O processo se assemelha ao modo como os sentidos, como visão ou audição, são representados no cérebro. Por esse motivo, os pesquisadores propuseram um novo termo - emocionotopia - para descrever essa codificação topográfica das emoções no cérebro.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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