17/05/2021

Medicamentos psiquiátricos podem ter efeito contrário em homens e mulheres

Redação do Diário da Saúde
Medicamentos psiquiátricos podem ter efeito contrário em homens e mulheres
"Os medicamentos para saúde mental que temos hoje podem estar causando efeitos contrários aos desejados," concluíram os pesquisadores. [Imagem: A. Florido et al. - 10.1038/s41467-021-22911-9]

Melhora em um, piora no outro

Tratar o medo e fobias derivadas dele usando terapias medicamentosas pode não ser tão simples quanto se esperava.

Quando um fármaco desenvolvido com esse intuito foi testado em animais, o resultado foi impressionante: O medicamento reduziu o medo nos machos, mas aumentou o medo nas fêmeas.

O efeito oposto por sexo foi verificado quando cientistas da Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha) testaram um fármaco que atua sobre o circuito neuronal Tac2, envolvido na formação da memória do medo.

Esse efeito oposto na memória de machos e fêmeas indica que, dependendo do sexo, a formação da memória pode envolver mecanismos moleculares e comportamentos não apenas diferentes, mas opostos.

Os pesquisadores haviam identificado que o circuito Tac2, localizado na amígdala do cérebro, pode ser temporariamente bloqueado pelo efeito de uma droga que estão estudando, a Osanetant, e que esse bloqueio reduz a capacidade de lembrança de eventos aversivos.

O problema surgiu quando eles verificaram que só haviam feito testes em camundongos machos. Repetiram tudo então em iguais números de animais machos e fêmeas e descobriram que a mesma droga produz o efeito oposto nas fêmeas, aumentando sua memória de medo.

Remédios com efeitos contrários

Ao ir um pouco mais a fundo, a equipe descobriu que, ao bloquear a via do Tac2, a droga interage com os receptores neuronais de dois hormônios sexuais: a testosterona nos machos e os estrogênios nas fêmeas. E o efeito comportamental se inverteu.

"Os resultados demonstram a capacidade dos hormônios em modular a formação da memória do medo e mostram a necessidade de levar em consideração as diferenças entre os sexos, bem como o monitoramento rotineiro das várias fases dos ciclos hormonais, na concepção de tratamentos farmacológicos para transtornos psiquiátricos," destacou o professor Antonio Florido, coordenador da equipe.

"Os medicamentos para saúde mental que temos hoje, não só para os distúrbios de memória, não são suficientemente específicos e podem estar causando efeitos contrários aos desejados," salientou a equipe em seu artigo.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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