01/12/2025

Meditação intensiva reprograma rapidamente o corpo e a mente

Redação do Diário da Saúde
Retiro de meditação reprograma rapidamente o corpo e a mente.
Este diagrama ilustra as conexões entre diferentes áreas do cérebro durante o repouso e a meditação. [Imagem: Alex Jinich-Diamant/UC San Diego]

Conexão mente-corpo

Pesquisadores da Universidade da Califórnia de San Diego (EUA) descobriram que um retiro intensivo que combina diversas técnicas mente-corpo, incluindo meditação e práticas de cura, produziu mudanças rápidas e abrangentes na função cerebral e na biologia sanguínea.

Os pesquisadores descobriram que o retiro ativou vias fisiológicas naturais que promovem neuroplasticidade, metabolismo, imunidade e alívio da dor. As descobertas desta conexão mente-corpo oferecem insights sobre como a consciência e as práticas psicológicas podem melhorar a saúde física.

A meditação e outras práticas mente-corpo têm sido utilizadas por culturas em todo o mundo há milhares de anos para promover saúde e bem-estar; no entanto, a biologia subjacente a essas abordagens ainda é pouco compreendida. Este novo estudo é o primeiro a quantificar de forma abrangente os efeitos biológicos de múltiplas técnicas mente-corpo administradas em conjunto durante um curto período.

"Sabemos há anos que práticas como a meditação podem influenciar a saúde, mas o que é surpreendente é que a combinação de múltiplas práticas mente-corpo em um único retiro produziu mudanças em tantos sistemas biológicos que pudemos medir diretamente no cérebro e no sangue," disse o professor Hemal Patel, coordenador da pesquisa. "Não se trata apenas de alívio do estresse ou relaxamento; trata-se de mudar fundamentalmente a forma como o cérebro interage com a realidade e quantificar essas mudanças biologicamente."

Retiro de meditação reprograma rapidamente o corpo e a mente.
Participante em um evento de meditação que serviu como voluntária para o estudo.
[Imagem: Encephalon Inc.]

Placebo aberto

Para os experimentos, 20 adultos saudáveis participaram de um programa de sete dias liderado pelo educador e autor de neurociência Joe Dispenza, com sessões diárias de palestras, aproximadamente 33 horas de meditação guiada e práticas de cura em grupo.

Essas práticas utilizaram uma abordagem de "placebo aberto", o que significa que os participantes participaram conscientemente de atividades de cura apresentadas como placebos - procedimentos ou tratamentos sem nenhum ingrediente médico ativo, mas que ainda podem produzir benefícios reais por influência da expectativa, da conexão social e das práticas compartilhadas.

Antes e depois do retiro, os participantes tiveram seus cérebros escaneados usando ressonância magnética funcional (RMf), um exame que mede a atividade cerebral em tempo real. Os pesquisadores também usaram exames de sangue para medir alterações na atividade metabólica, ativação imunológica e outras funções biológicas.

Alterações fisiológicas induzidas pela meditação

Os pesquisadores observaram diversas alterações fisiológicas importantes após as práticas de meditação e cura:

  • Alterações na rede cerebral: A meditação durante o retiro reduziu a atividade em partes do cérebro associadas à atividade mental ruminante, tornando o funcionamento cerebral mais eficiente no geral.
  • Neuroplasticidade aprimorada: Quando aplicado a neurônios cultivados em laboratório, o plasma sanguíneo dos participantes após o retiro fez com que as células cerebrais desenvolvessem ramificações mais longas e formassem novas conexões.
  • Alterações metabólicas: As células tratadas com plasma pós-retiro apresentaram um aumento no metabolismo glicolítico (queima de açúcar), indicando um estado metabólico mais flexível e adaptativo.
  • Alívio natural da dor: Os níveis sanguíneos de opioides endógenos, os analgésicos naturais do corpo, aumentaram após o retiro, indicando que os sistemas naturais de alívio da dor do corpo foram ativados.
  • Ativação imunológica: A meditação aumentou simultaneamente os sinais imunológicos inflamatórios e anti-inflamatórios, sugerindo uma resposta imunológica adaptativa complexa, em vez de uma simples supressão ou ativação.
  • Alterações na sinalização gênica e molecular: A atividade de pequenos RNAs e genes no sangue sofreu alterações após o retiro, particularmente em vias relacionadas à função cerebral.

Experiências místicas

Os participantes também responderam ao Questionário de Experiência Mística (MEQ-30) para avaliar se tiveram uma experiência do tipo transcendental durante a meditação. A equipe definiu "experiência mística" como uma sensação caracterizada por profundos sentimentos de unidade, transcendência e estados alterados de consciência.

As pontuações médias do MEQ aumentaram após o retiro, passando de 2,37 antes do retiro para 3,02 depois. Pontuações mais altas nesses questionários também foram correlacionadas com maiores mudanças biológicas após o retiro, incluindo maior integração da atividade cerebral em diferentes regiões. Em outras palavras, quanto mais conectado o cérebro estiver, maior a probabilidade de uma experiência mística.

Os resultados indicam que a meditação intensiva pode desencadear uma atividade cerebral muito semelhante àquela previamente documentada com substâncias psicodélicas.

"Estamos observando as mesmas experiências místicas e padrões de conectividade neural que normalmente requerem psilocibina, agora alcançados apenas pela prática da meditação," detalhou Patel. "Observar tanto mudanças no sistema nervoso central em exames cerebrais quanto mudanças sistêmicas na química sanguínea reforça a ideia de que essas práticas mente-corpo atuam em escala sistêmica."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

URL:  

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2023 www.diariodasaude.com.br. Cópia para uso pessoal. Reprodução proibida.