12/12/2017

Melhor terapia contra câncer é menos usada porque custa mais aos hospitais

Redação do Diário da Saúde

Braquiterapia

A evidência científica e médica é clara: o melhor tratamento para o câncer de colo do útero é a braquiterapia, uma forma de terapia que usa radiação para combater a doença.

No entanto, o uso deste tratamento potencialmente salvador vem diminuindo de forma preocupante ao longos dos anos - mas a incidência da doença não.

"Os estudos mostram uma vez depois da outra que a braquiterapia é a parte mais importante do tratamento do câncer de colo do útero, porque ela é essencial para erradicar o tumor. Um declínio na utilização da braquiterapia está associado a uma maior taxa de mortalidade pelo câncer de colo do útero, então existe uma relação direta," explica o Dr. Timothy Showalter, da Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia (EUA).

E ele explica por que isso está acontecendo: oferecer a braquiterapia contra o câncer cervical localmente avançado acaba custando mais dinheiro para os hospitais.

Depois de levar em conta os custos e o tempo envolvidos, Showalter e seus colegas constataram que o sistema de saúde norte-americano (Medicare) paga aos hospitais quatro vezes mais por minuto gasto em uma alternativa de tratamento menos eficaz do que a braquiterapia.

Em última análise, oferecer a braquiterapia resulta em uma perda líquida de receita para os prestadores de serviços de saúde nos EUA, dizem os pesquisadores, o que pode trazer dificuldades particularmente para os hospitais menores, que não fazem muita braquiterapia.

O Diário da Saúde contatou o Ministério da Saúde para um comparativo dos ressarcimentos pelos dois tipos de terapia no Brasil, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Não usar o melhor tratamento

Segundo a análise do caso nos EUA, o problema decorre, em parte, pela quantidade de tempo que a braquiterapia exige do médico: leva 80% por cento mais tempo de pessoal para administrar a braquiterapia do que para fornecer a alternativa cada vez mais popular, a radioterapia externa.

A consequência é que o sistema de reembolso do sistema de saúde norte-americano torna a radiação do feixe externo mais rentável do que a braquiterapia.

Os dois métodos aplicam radiação no tumor, mas a braquiterapia aplica doses muito maiores de uma maneira muito mais direcionada.

"É perturbador porque temos esta fantástica opção de tratamento, que é uma exigência absoluta para uma terapia curativa, e ela está disponível há décadas, mas as taxas de seu uso real estão caindo," disse Showalter. "É como se você tivesse uma droga eficaz e as pessoas parassem de usá-la".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

URL:  

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2023 www.diariodasaude.com.br. Cópia para uso pessoal. Reprodução proibida.