29/04/2022

Mensagens sobre número de mortes em rodovias causam mais acidentes

Redação do Diário da Saúde
Mensagens sobre número de mortes em rodovias causam mais acidentes
Mostrar o número de mortos em anúncios nas estradas é uma campanha de conscientização comum, mas que realmente leva a mais acidentes.[Imagem: Jonathan D. Hall et al. - 10.1126/science.abm3427]

Boa intenção com maus resultados

Mostrar o número de mortos em anúncios nas estradas é uma campanha de conscientização comum, mas novas pesquisas mostram que essa tática gera o oposto do resultado esperado, gerando mais acidentes.

Jonathan Hall e Joshua Madsen, da Universidade de Toronto (Canadá), avaliaram o efeito de exibir os totais de mortes em acidentes em quadros de mensagens nas rodovias (por exemplo, "1669 mortes este ano nas estradas do Texas") ao constatar que diferentes versões de mensagens de fatalidade em rodovias atualmente são exibidas em pelo menos 27 estados dos EUA.

Eles queriam saber se a coisa funciona, antes de preconizar sua adoção no Canadá.

Os pesquisadores se concentraram no Texas porque lá as autoridades optaram por apresentar essas mensagens apenas uma semana por mês. Eles então compararam os dados de acidentes antes da campanha (janeiro de 2010 - julho de 2012) e depois do início (agosto de 2012 - dezembro de 2017), bem como examinaram as diferenças semanais em cada mês durante a campanha.

Alerta causa mais mortes

O que eles descobriram foi totalmente inesperado: Houve mais acidentes durante a semana com mensagens de fatalidade do que nas semanas sem as mensagens.

A exibição de uma mensagem de número de fatalidades aumentou o número de acidentes ao longo dos 10 km após os quadros de mensagens em 4,5%. Esse aumento é comparável a aumentar o limite de velocidade ou reduzir os policiais rodoviários, de acordo com pesquisas anteriores.

Segundo a extrapolação feita pelos dois pesquisadores, as mensagens de fatalidade causam mais 2.600 acidentes e mais 16 mortes por ano no Texas.

Os pesquisadores levantam a hipótese de que essa abordagem de "mensagens na cara" sobrecarrega as "cargas cognitivas" dos motoristas, afetando temporariamente sua capacidade de responder às mudanças nas condições do tráfego, gerando então novos acidentes.

"Dirigir em uma rodovia movimentada [e] ter que navegar por mudanças de faixa é mais cognitivamente exigente do que dirigir em um trecho reto de uma rodovia vazia," disse Madsen. "As pessoas têm atenção limitada. Quando a carga cognitiva de um motorista já está no máximo, adicionar um lembrete sóbrio e captador de atenção, sobre mortes na estrada, pode se tornar uma distração perigosa."

Quanto mais grave o alerta, pior

Os pesquisadores descobriram ainda que, quanto maior o número de mortes mostrado na mensagem, mais prejudiciais são os efeitos. O número de acidentes adicionais a cada mês aumentou à medida que o número de mortos aumentou ao longo do ano, com o maior número de acidentes ocorrendo em janeiro, quando a mensagem informava o total anual.

Eles também descobriram que os acidentes aumentaram em áreas onde os motoristas experimentaram cargas cognitivas mais altas, como tráfego pesado ou passando por vários quadros de mensagens.

"As mensagens também aumentaram o número de colisões com vários veículos, mas não com um único veículo," disse Hall. "Isso está de acordo com motoristas com cargas cognitivas aumentadas que cometem erros menores devido à distração, como sair de uma pista, em vez de sair da estrada."

No entanto, os pesquisadores descobriram que houve uma redução nos acidentes quando o número de mortos exibidos era baixo e quando a mensagem aparecia onde as rodovias eram menos complexas. Madsen diz que isso sugere que, nesses casos, as mensagens não exigiam tanta atenção dos motoristas.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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