13/10/2010

Mutação genética explica apenas 4% da infertilidade masculina

Fabio Reynol - Agência Fapesp
Mutação genética explica apenas 4% da infertilidade masculina
Pesquisa descobre que cerca de 4% dos problemas de infertilidade masculina por defeitos na produção de espermatozoides estão associados à mutação de um gene. [Imagem: PLoS]

Gene da infertilidade?

Mutações no gene NR5A1, também conhecido como SF1, podem responder por cerca de 4% dos problemas de infertilidade masculina por defeitos na produção de espermatozoides.

A conclusão é de um estudo publicado no dia 30 de setembro no American Journal of Human Genetics.

O estudo foi coordenado por Anu Bashamboo, do Instituto Pasteur, na França, que teve a colaboração de outras instituições.

"O índice de 4% parece pequeno, mas em termos populacionais tem um peso muito importante", disse o único brasileiro que participou da pesquisa, o doutorando Bruno Ferraz de Souza.

Ferraz de Souza, que assina o artigo publicado como segundo autor, está na Universidade College London (Reino Unido), instituição que participou do trabalho na fase de conferência dos dados de laboratório.

Produção de espermatozoides

O Instituto Pasteur analisou 315 homens que apresentavam problemas na produção de espermatozoides e sequenciou o gene NR5A1 de todos eles, comparando os resultados com os de outro grupo formado por 2 mil homens que não tinham esse tipo de problema.

Foram encontradas mutações no NR5A1 dos voluntários que apresentaram alterações mais graves, como azoospermia (ausência completa de espermatozoides) e oligozoospermia (baixa concentração).

O gene NR5A1 codifica uma proteína fundamental que regula, entre outros fatores, o desenvolvimento sexual adulto. A primeira relação entre o gene com alterações nas gônadas (ovários e testículos) e nas glândulas adrenais foi descoberta por John Achermann, pesquisador do Institute of Child Health, de Londres, atual orientador de Ferraz de Souza.

Posteriormente, a equipe da professora Berenice Bilharinho de Mendonça, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), descobriu que o NR5A1 também estava associado a casos menos graves em que não havia alterações adrenais.

"Esse foi um passo importante para associar o gene a casos de menor gravidade, porém mais prevalentes", disse Ferraz de Souza.

Qualidade do líquido seminal

O estudo ainda permitiu levantar a hipótese de que a mutação no NR5A1 pode provocar uma alteração progressiva na qualidade do líquido seminal, ou seja, a redução gradual do número de espermatozoides ao longo do tempo.

"Por enquanto, essa é apenas uma especulação baseada nas observações do estudo e que ainda precisa ser comprovada", ressaltou Souza.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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