31/01/2022

Nanoterapia oferece nova esperança de tratamento definitivo do diabetes

Redação do Diário da Saúde
Nanoterapia oferece nova esperança de tratamento definitivo do diabetes
As nanopartículas levam o medicamento ao ponto certo, permitindo usar uma dose muito menor. [Imagem: Northwestern University]

Transplante de ilhotas

O transplante de ilhotas pancreáticas surgiu nas últimas décadas como uma potencial cura para o diabetes tipo 1 - com ilhotas saudáveis transplantadas, os pacientes podem não precisar mais de injeções de insulina.

As ilhotas pancreáticas são ilhas do pâncreas que recebem um fluxo contínuo de informações sobre os níveis de glicose da corrente sanguínea e ajustam sua produção de insulina conforme necessário. Elas compreendem aproximadamente 1% do pâncreas, mas requerem de 15 a 20 por cento do fluxo sanguíneo para o órgão.

Contudo, os esforços de transplante têm enfrentado contratempos, uma vez que o sistema imunológico continua a rejeitar novas ilhotas.

As drogas imunossupressoras atuais não oferecem uma proteção adequada para as células e tecidos transplantados, além de apresentarem uma série de efeitos colaterais indesejáveis.

Após um transplante, células imunes chamadas células T rejeitam células e tecidos estranhos recém-introduzidos. Os imunossupressores são usados para inibir esse efeito, mas também podem afetar a capacidade do corpo de combater outras infecções, desligando as células T em todo o corpo.

Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade Northwestern (EUA) descobriu uma técnica para ajudar a tornar a imunomodulação mais eficaz.

Rapamicina com nanotecnologia

O novo método usa nanocarreadores, cápsulas minúsculas produzidas com nanotecnologia para carregar os medicamentos dentro do corpo. Esse carregador específico foi montado tendo em vista a molécula do medicamento rapamicina, um imunossupressor comumente usado nos tratamentos atuais.

Usando esses nanocarreadores carregados de rapamicina, os pesquisadores geraram uma nova forma de imunossupressão, capaz de atingir células específicas relacionadas ao transplante, sem suprimir respostas imunes mais amplas.

A rapamicina é bem estudada e comumente usada para suprimir as respostas imunes durante outros tipos de tratamentos e transplantes, com uma ampla gama de efeitos em muitos tipos de células em todo o corpo. Contudo, administrada por via oral, a dosagem de rapamicina deve ser cuidadosamente monitorada para evitar efeitos tóxicos. Já em doses mais baixas, ela tem pouca eficácia em casos como o transplante de ilhotas.

A mistura de nanocarreadores e do medicamento obteve um efeito mais específico. Em vez de modular diretamente as células T - o alvo terapêutico mais comum da rapamicina - a nanopartícula é projetada para direcionar e modificar as células apresentadoras de antígenos (APCs), que permitem uma imunossupressão mais direcionada e controlada.

O uso de nanopartículas também permitiu que a equipe fornecesse a rapamicina por meio de uma injeção subcutânea, que usa uma via metabólica, evitando a perda extensa de drogas que ocorre no fígado após a administração oral. Esta via de administração requer significativamente menos rapamicina para ser eficaz - cerca de metade da dose padrão.

Nanoterapia oferece nova esperança de tratamento definitivo do diabetes
A rota usada pelo nanocarregador também é diferente da via oral.
[Imagem: Northwestern University]

Aplicação em outros transplantes

A equipe observou efeitos colaterais mínimos nos camundongos e descobriu que o diabetes foi erradicado durante o período de teste de 100 dias - um passo importante rumo ao objetivo de fazer com que o tratamento dure toda a vida do paciente.

A equipe também demonstrou que a população de camundongos tratados com o medicamento nano-administrado teve uma "resposta imunológica robusta" em comparação com os camundongos que receberam tratamentos padrão do medicamento.

Esses resultados podem ter implicações de longo alcance, não apenas no caso do diabetes, mas de todos os transplantes de modo geral.

"Esta abordagem pode ser aplicada a outros tecidos e órgãos transplantados, abrindo novas áreas de pesquisa e opções para os pacientes. Estamos agora trabalhando para levar esses resultados muito interessantes um passo mais perto do uso clínico," disse o pesquisador Guillermo Ameer.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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