08/08/2019

Não importa se é justo - desde que você ganhe?

Redação do Diário da Saúde
Não importa se é justo - desde que você ganhe
O cérebro humano tem aversão à desigualdade social, mas isto não tem sido suficiente para nos fazer caminhar para uma sociedade mais igualitária.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

A justiça do "eu ganhei"

O professor Mario Molina, da Universidade Cornell (EUA), queria descobrir como o público percebe as causas e a justiça da disparidade de riqueza.

Para medir o efeito de resultados desiguais nas percepções individuais de justiça e desigualdade, Molina e sua equipe criaram um jogo de cartas que separa a igualdade de oportunidades dos resultados do jogo, da habilidade do jogador e da sorte.

Nessa situação, os jogadores que receberam uma ótima rodada de cartas mostraram-se mais propensos a atribuir seus ganhos (incorretamente) a seu próprio talento do que a fatores externos, como sorte ou vantagens estruturais.

Os jogadores vencedores também se mostraram mais propensos a ver o jogo como justo e sentir-se positivamente sobre o jogo, mesmo quando as regras foram manipuladas - pelos pesquisadores - a seu favor.

Ou seja, a percepção de resultados desiguais, como a desigualdade de riqueza, são tendenciosas, tornando os esforços para equalizar as oportunidades muito complicados.

Segundo a equipe, "não é apenas como o jogo é jogado, é se você ganha ou perde" que determina se você considera o sistema econômico e social como justo ou injusto. E, como os que ganham mais tipicamente têm mais voz, torna-se difícil influenciar os tomadores de decisão para que eles ajam em busca de uma justiça verdadeira, sem vieses.

Contexto da desigualdade

O forte aumento da desigualdade econômica tem elevado também as preocupações com os efeitos da polarização política, do apoio a políticas destinadas a promover a redistribuição de renda e os frutos do crescimento econômico, a mobilidade social, a igualdade de oportunidades e a coesão social.

Contudo, embora esteja demonstrado pela própria realidade que o progresso não acaba com a desigualdade econômica, lidar com a questão ética da desigualdade é um assunto longe de ser simples.

Por exemplo, pesquisas anteriores mostraram que a desigualdade econômica é considerada inaceitável quando é percebida como o resultado de uma luta desigual. Contudo, o discurso da meritocracia tem amplo apoio daqueles que se opõem a uma melhor distribuição da renda.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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