02/07/2008

Nosso sistema imunológico pode estar ficando preguiçoso

Research Information Centre

A epidemia da higiene

Os pais são freqüentemente aconselhados a manter um ambiente livre de bactérias para seus bebês com a esterilização de mamadeiras e brinquedos, bem como lavando as mãos regularmente. Muitos sabonetes e toalhas antibacterianos são vendidos para uso das crianças, dos pais e das babás.

Além disso, a maioria das crianças é vacinada contra várias infecções virais e bacterianas antes dos três anos de idade. O estudo DIABIMMUNE, apoiado pela União Européia com um financiamento de 6 milhões de euros, agora está pesquisando se, através da remoção de todas as bactérias, nós não estaríamos realmente enfraquecendo o sistema imunológico de nossas crianças.

Fenômenos auto-imunes e reações alérgicas

A pesquisa DIABIMMUNE reúne parceiros da Estónia, Finlândia, Alemanha, Holanda e da Rússia. Juntos, os pesquisadores irão estudar 7.000 crianças da Finlândia, Estônia e Carélia, no noroeste da Rússia. Em cada país o estudo irá acompanhar mais de 300 crianças desde o nascimento até o seu terceiro aniversário. Além disso, a investigação irá monitorar 2.000 crianças a partir do terceiro e até o seu quinto aniversário.

"Anteriormente nós estudamos fenômenos auto-imunes e reações alérgicas em crianças em idade escolar finlandesas e carelianas. Agora nós vamos estudar os bebês e as crianças, a fim de gerar novas informações sobre a maturação do sistema imunológico e a interação entre o sistema imunológico e o meio ambiente", explica o professor Mikael Knip, da Universidade de Helsinque, que está coordenando o projeto.

Diabetes e doença celíaca

Estudos anteriores descobriram que as crianças finlandesas são seis vezes mais suscetíveis de terem diabetes tipo 1 e apresentam uma taxa cinco vezes maior de doença celíaca (uma desordem auto-imune do intestino delgado) do que as crianças russas. Apesar desta prevalência, ambas as nacionalidades têm quantidades iguais de variantes genéticos dos antígenos leucócitos humanos (HLA), que predispõem a doenças auto-imunes.

"As diferenças na freqüência das reações alérgicas e de fenômenos auto-imunes entre a Finlândia e a Carélia russa não podem ser devido a causas genéticas. Altos padrões de vida e o associado estilo de vida parecem promover o desenvolvimento das doenças auto-imunes e das respostas alérgicas," acredita o Professor Knip.

Flora bacteriana intestinal

O projeto DIABIMMUNE irá concentrar-se, por exemplo, sobre o desenvolvimento da flora bacteriana intestinal após o nascimento e os efeitos que o ambiente tem sobre a composição da flora bacteriana. A pesquisa também irá estudar o efeito que as infecções têm sobre a maturação do sistema imunológico humano e do funcionamento dos glóbulos brancos sanguíneos que regulam as respostas imunológicas.

Além disso, os pesquisadores vão analisar se a proteção conferida por infecções contra reações alérgicas e auto-imunes está associada com a carga geral de infecções ou é devida a micróbios específicos. O projeto espera também avaliar o efeito da nutrição das crianças sobre a maturação do sistema imunológico, sobre as bactérias da flora intestinal e sobre a ocorrência de infecções.

Apesar de que o estudo irá levar vários anos para ser concluído, espera-se que os resultados proporcionem uma visão muito necessária sobre a doença celíaca e outras doenças auto-imunes e alérgicas.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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