18/10/2012
Ondas alfa fecham cérebro contra distrações
Redação do Diário da Saúde
"Entrar em alfa" é uma expressão bem conhecida, mas com um efeito mais profundo do que se supunha.[Imagem: Meditations-uk]
Entrar em alfa
"Entrar em alfa" é uma expressão bem conhecida, significando atingir um estado mental de tranquilidade e paz.
Mas o fato é que as ondas alfa têm sido praticamente ignoradas pelos cientistas.
Só muito recentemente é que os neurologistas passaram novamente a dar atenção a essas "emissões" específicas do cérebro.
Isso porque, além da concentração, essas ondas parecem ter importância crucial nas formas como lidamos com o estresse e com a ansiedade.
Frequências das ondas cerebrais
A atividade elétrica dos grupos de células cerebrais resulta na emissão de ondas cerebrais de diferentes frequências, ou amplitudes.
As chamadas ondas alfa - uma onda cerebral lenta, com um ciclo de 100 milissegundos (ms) - desempenha um papel fundamental na atividade cerebral.
Seu principal papel parece ser suprimir atividades irrelevantes.
A hipótese mais aceita atualmente é que as ondas alfa estão associadas com impulsos de inibição no cérebro - em contraposição aos impulsos de ativação - emitidos a cada 100 ms.
Prevendo e evitando as distrações
O que não se sabia é que, quando informações que causam distração podem ser previstas antecipadamente, há um aumento na potência das ondas alfa pouco antes do acontecimento efetivo desse elemento de distração.
A descoberta foi feita por Mathilde Bonnefond e Ole Jensen, da Universidade Radboud Nijmegen, na Holanda.
Mais do que isso, eles descobriram que o cérebro é capaz de controlar precisamente a emissão das ondas alfa de modo que o impulso de inibição esteja na potência máxima quando o fenômeno de distração ocorre.
Ou seja, quando a pessoa espera a ocorrência de algo que tende a tirar sua concentração, seu próprio cérebro se encarrega de emitir ondas de "tranquilização", para evitar a distração.
"É como se uma porta se abrisse rapidamente para permitir ver o que está acontecendo lá fora. Isso nos permite detectar um evento inesperado, mas importante ou perigoso. Mas, para evitar ser distraído por uma informação completamente irrelevante, é melhor se a inibição estiver ativa apenas quando um distrator surge. Isso pode ser visto como um mecanismo de fechar a porta do cérebro para intrusos," afirmam os pesquisadores.
Fechando o cérebro
Os pesquisadores projetaram uma experiência em que a precisão na capacidade de suprimir informações irrelevantes era crucial para o desempenho dos voluntários.
Os indivíduos foram treinados para fazer uma tarefa de memória em um ritmo muito rigoroso.
No experimento, os intervalos entre os distratores eram sempre os mesmos, de modo que os participantes podiam antecipar o momento em que eles surgiriam.
Aqueles que foram capazes de sincronizar a sua atividade alfa com o ritmo em que elementos de distração irrelevantes surgiam tiveram a maior pontuação na tarefa.
Mas tudo ocorre por um processo que é totalmente inconsciente.
Os pesquisadores presumem que a capacidade de ajustar a atividade alfa para uma distração iminente pode desempenhar um papel importante quando nós avaliamos ativamente o meio ambiente.
As ondas alfa eram mais fortes antes dos distratores fortes do que antes dos distratores fracos, confirmando que estas ondas "fecham" nosso cérebro para informação perturbadoras.
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
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