20/05/2025

Para ver melhor, ande; para ouvir melhor, pare

Redação do Diário da Saúde
Para ver melhor, ande; para ouvir melhor, pare
Quando os estímulos auditivos e visuais são apresentados juntos, o cérebro prioriza as pistas auditivas. Contudo, durante o movimento, dependemos mais das informações visuais para a tomada de decisões.[Imagem: Ilsong Choi et al. - 10.1038/s41467-025-57347-y]

Cérebro seleciona outros sentidos

Cientistas descobriram um princípio fundamental de como o cérebro prioriza a visão e a audição de forma diferente, dependendo se estamos parados ou em movimento.

No dia a dia, processamos constantemente informações visuais (imagens) e auditivas (sons) para navegar pelo mundo. Por exemplo, ao assistir a um filme, nosso cérebro integra imagens e sons perfeitamente para criar uma experiência completa. No entanto, quando nos movimentamos - como caminhar em uma rua movimentada - nosso cérebro pode priorizar informações visuais, em detrimento das sonoras, para que você não saia trombando nas pessoas ou tropeçando na calçada.

O modo como o cérebro decide qual sentido priorizar em diferentes situações é particularmente relevante para pessoas com transtornos de processamento sensorial, como autismo ou esquizofrenia, nos quais o cérebro pode ter dificuldade para integrar as informações sensoriais corretamente. Entender como o cérebro alterna naturalmente entre as entradas sensoriais pode levar a melhores tratamentos para essas condições.

Para investigar esse fenômeno, Ilsong Choi e Seung-Hee Lee, do Instituto de Ciências Básicas (Coreia do Sul) realizaram experimentos comportamentais em camundongos, monitorando a atividade cerebral em tempo real usando microscópios em miniatura e optogenética (um método que usa luz para controlar neurônios). Os camundongos foram treinados para responder a sinais visuais e auditivos enquanto corriam em uma esteira.

Para ver melhor, ande; para ouvir melhor, pare
Durante a corrida, sinais relacionados à motricidade inibem seletivamente a via neural que transmite informações auditivas ao córtex. Isso reduz a interferência auditiva e aprimora o processamento visual, resultando em uma tomada de decisão com predominância visual.
[Imagem: Ilsong Choi et al. - 10.1038/s41467-025-57347-y]

Visão no movimento, audição ao ficar parado

Os pesquisadores descobriram que, quando os camundongos estavam parados, seus cérebros dependiam mais do som do que da visão para tomar decisões. No entanto, quando estavam em movimento, seus cérebros passaram a priorizar a visão.

As análises revelaram os circuitos cerebrais específicos responsáveis por essa mudança:

  • O córtex parietal posterior (CPP), uma região essencial para a tomada de decisões, desempenha um papel central na priorização das informações sensoriais. Quando o CPP foi desativado, os camundongos não conseguiam mais tomar decisões com base em sinais visuais e passaram a depender mais do som.
  • O córtex motor secundário (M2) funciona como um "guardião sensorial". Quando os camundongos se moviam, o M2 enviava sinais inibitórios ao córtex auditivo, impedindo que os sinais auditivos chegassem ao CPP. Isso efetivamente tornou a visão o sentido dominante durante o movimento.
  • Apesar dessa supressão, o córtex auditivo continuou processando sons, o que significa que o cérebro estava ajustando a forma como integra as informações sensoriais em vez de ignorar completamente o som.

Em resumo, a equipe demonstrou que o cérebro não trata todas as entradas sensoriais da mesma forma em todos os momentos; em vez disso, ele se ajusta dinamicamente de acordo com o movimento e as necessidades do ambiente. Quando parado, o som é mais útil para detectar eventos próximos, enquanto a visão tem prioridade durante o movimento, já que é mais confiável para a navegação.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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