07/10/2020

Parkinson não é doença única, mas duas

Redação do Diário da Saúde
Parkinson não é uma doença única, mas duas
Especialistas propõem que doença de Parkinson seja dividida em dois subtipos: cérebro-primeiro e intestino-primeiro.[Imagem: Gerd Altmann/Pixabay]

Parkinson do intestino e Parkinson do cérebro

Embora o nome sugerir o contrário, a doença de Parkinson não é uma, mas duas doenças, uma delas começando no cérebro e a outra começando nos intestinos.

Isso poderia explicar por que os pacientes com Parkinson descrevem sintomas amplamente diferentes e aponta para a medicina personalizada como o caminho a seguir para as pessoas hoje diagnosticadas com Parkinson.

Nos últimos anos, tem surgido um corpo crescente de evidências indicando que a doença de Parkinson pode começar no cérebro ou no intestino.

Por isso uma equipe da Universidade de Aarhus (Dinamarca) decidiu fazer um amplo estudo sobre a questão e, a exemplo da conclusão tirada por outras equipes, também identificou que existem na verdade dois tipos da doença.

"Com a ajuda de técnicas de varredura avançadas, mostramos que a doença de Parkinson pode ser dividida em duas variantes, que começam em locais diferentes do corpo. Para alguns pacientes, a doença começa nos intestinos e se espalha de lá para o cérebro por meio conexões neurais. Para outros, a doença começa no cérebro e se espalha para os intestinos e outros órgãos, como o coração," explicou o Dr. Per Borghammer, coordenador da pesquisa.

Se aceita pela comunidade médica e científica, essa noção de duas doenças pode ser muito significativa para o tratamento da doença, uma vez que o tratamento deverá ser baseado no padrão de doença do paciente individual.

Duas doenças de Parkinson

A doença de Parkinson é caracterizada pela lenta deterioração do cérebro devido ao acúmulo de alfa-sinucleína, uma proteína que danifica as células nervosas. Isso leva a movimentos lentos e rígidos associados à doença.

Neste estudo, os pesquisadores usaram técnicas avançadas de tomografia por emissão de pósitrons (PET) e ressonância magnética (MRI) para examinar os pacientes diagnosticados com Parkinson. Pessoas não diagnosticadas, mas que apresentavam alto risco de desenvolver a doença também foram incluídas no estudo - pessoas com diagnóstico de síndrome do comportamento do sono REM têm um risco aumentado de desenvolver a doença de Parkinson.

Os dados mostraram que alguns pacientes tiveram danos ao sistema de dopamina do cérebro antes de ocorrerem danos nos intestinos e no coração. Em outros pacientes, as varreduras revelaram danos ao sistema nervoso dos intestinos e do coração antes que o dano no sistema de dopamina do cérebro fosse visível.

Esse é um dado crucial que contesta a compreensão da doença de Parkinson que tem sido prevalente até agora, disse o professor Borghammer.

"Até agora, muitas pessoas consideravam a doença relativamente homogênea e a definiam com base nos distúrbios clássicos do movimento. Mas, ao mesmo tempo, ficamos intrigados sobre por que havia uma diferença tão grande entre os sintomas dos pacientes. Com esse novo conhecimento, os diferentes sintomas fazem mais sentido e é também nessa perspectiva que as pesquisas futuras devem ser vistas," concluiu ele.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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