14/01/2022

Por que e como as pessoas enganam a si mesmas

Redação do Diário da Saúde
Por que e como as pessoas enganam a si mesmas
Você provavelmente não sabe tanto quanto pensa que sabe.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Autoengano

Você acreditaria se alguém lhe dissesse que você, vez por outra, engana a si próprio?

Pois pode acreditar, e nós fazemos isso por mais de uma maneira, dizem os filósofos Francesco Marchi (Universidade de Antuérpia) e Albert Newen (Universidade Ruhr-Bochum).

Na verdade, os dois pesquisadores identificaram quatro estratégias que usamos para estabilizar e proteger nossa autoimagem positiva - às custas de nos enganarmos a nós mesmos.

De acordo com sua teoria, o autoengano ajuda as pessoas a se manterem motivadas em situações difíceis.

"Todas as pessoas enganam a si mesmas, com bastante frequência," disse Newen. "Por exemplo, se um pai está convencido de que seu filho é um bom aluno e o filho traz notas ruins para casa, ele pode primeiro dizer que a matéria não é tão importante ou que a professora não explicou bem o material."

Os pesquisadores chamam essa estratégia de autoengano de "reorganização de crenças".

Eles identificaram ainda outras três estratégias que entram em ação ainda mais cedo para evitar que fatos desagradáveis cheguem até você.

Isso inclui a seleção de fatos por meio de ações intencionais: As pessoas evitam lugares ou pessoas que possam trazer fatos problemáticos à sua atenção, como uma reunião de pais e professores.

Outra estratégia é rejeitar os fatos lançando dúvidas sobre a credibilidade da fonte: Contanto que o pai ouça sobre os problemas acadêmicos do filho apenas indiretamente, e não veja as notas, ele pode ignorar o problema.

A última estratégia é o que Newen e Marchi chamam de gerar fatos a partir de um estado de coisas ambíguo: "Por exemplo, se o gentil professor de matemática sugere delicadamente que o filho não está enfrentando as dificuldades, e o pai teria esperado uma declaração clara em caso de dificuldades, ele pode interpretar a generosidade considerável e a descrição gentil como uma avaliação positiva das habilidades de seu filho," exemplificou Marchi.

Prejuízos a médio e longo prazo

Os pesquisadores descrevem todas as quatro estratégias como tendências típicas de pensamento psicológico: A autoilusão não é irracional nem prejudicial para as pessoas a curto prazo, mas sempre a médio e longo prazo.

"Essas não são maneiras maliciosas de fazer as coisas, mas parte do equipamento cognitivo básico dos humanos para preservar sua visão estabelecida de si mesmos e do mundo," disse Newen.

Em tempos normais, com poucas mudanças, a tendência de se ater a pontos de vista comprovados é útil e também está profundamente enraizada na evolução, interpreta Newen: "No entanto, essa tendência cognitiva é catastrófica em tempos de desafios radicalmente novos que exigem mudanças rápidas de comportamento."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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