10/10/2023
Por que a nanotecnologia não está funcionando contra o câncer?
Redação do Diário da Saúde
Em vez de ficarem no tumor, onde se presume que ficariam, quase metade das nanopartículas escapa por drenagem linfática. [Imagem: Luan N. M. Nguyen et al. - 10.1038/s41563-023-01630-0]
Nanopartículas deixam os tumores
Uma das abordagens mais promissoras que a nanotecnologia trouxe para o campo da Medicina está no envio de nanopartículas para os tumores. Lá, elas tanto podem ser usadas para liberar os medicamentos, minimizando os efeitos colaterais da quimioterapia, quanto serem aquecidas por uma fonte de energia externa e literalmente "queimar" as células cancerosas.
Infelizmente essa abordagem não tem funcionado a contento, e agora uma equipe de cientistas da Universidade de Toronto (Canadá) acredita ter descoberto o porquê.
Desde o advento dessas técnicas, nos anos 1980, os cientistas acreditam que a permanência das nanopartículas nos tecidos e órgãos é explicada por um efeito conhecido como Permeabilidade e Retenção Aprimoradas, que propõe que as nanopartículas entram em um tumor vindos da corrente sanguínea através de lacunas entre as células endoteliais que revestem seus vasos sanguíneos - e então ficam presas no tumor devido a vasos linfáticos disfuncionais.
Ora, se essa teoria estivesse correta, os tratamentos deveriam funcionar - mas eles não funcionam, e não funcionam sobretudo porque acaba não havendo nanopartículas suficientes no tumor para fazer o trabalho.
O que Luan Nguyen e seus colegas fizeram agora foi contestar essa teoria dominante. "Nós descobrimos que cerca de 45% das nanopartículas que se acumulam nos tumores acabarão saindo deles," disse o pesquisador.
Drenagem linfática das nanopartículas
Analisando a situação detalhadamente, Nguyen descobriu que, contrariamente ao efeito mais aceito pela comunidade científica, as nanopartículas podem deixar os tumores através dos seus vasos linfáticos. O método de saída de uma nanopartícula depende do seu tamanho, sendo que as maiores (50 a 100 nanômetros de largura) têm maior probabilidade de sair através dos vasos linfáticos nos tumores, e as menores (até 15 nanômetros de largura) têm maior probabilidade de sair através dos vasos linfáticos que circundam os tumores. E, embora mais raramente, as nanopartículas também escaparão pelos vasos sanguíneos.
Com quase metade das nanopartículas que chegam ao tumor escapando dele, principalmente através dos vasos linfáticos, será necessário agora trabalhar no desenvolvimento de nanopartículas que resistam à drenagem linfática.
"Tentar traduzir a nanomedicina do câncer para a clínica é como trabalhar com uma caixa preta - alguns medicamentos funcionam, outros não, e é difícil saber por quê", disse o professor Gang Zheng. "A dedicação em compreender melhor os mecanismos de absorção e saída de nanopartículas está iluminando esses processos para ajudar a tornar nossos esforços de tradução mais eficientes e bem-sucedidos."
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
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